O rápido crescimento do "rebanho" evangélico, nas últimas décadas no Brasil, deve muito à surpreendente avidez com que grupos e indivíduos que participaram desse processo se apropriaram de tudo aquilo que, produzido para finalidades mundanas, mostrava-se evangelisticamente sedutor. Busca-se discutir neste artigo os problemas identitários que surgem nesse processo, atentando, especificamente, para a utilização da música "rock" por jovens evangélicos. Como conseguem instalar neste meio tal estilo musical, antes tão inaceitável às instituições representantes dessa modalidade de cristianismo? Como lidam identitariamente com práticas e atitudes que acompanham a cultura "rock and roll", como o sexo desregrado, consumo de drogas, rebeldia e, por vezes, alguma simpatia pelo satanismo? Que compósito identitário resulta desse inusitado encontro entre universos culturais aparentemente tão inconciliáveis?
The fast growth of the evangelical "flock" on the last few decades in Brazil, owes much to the surprising avidity with which groups and individuals that participated of that process appropriated of all which, produced for mundane purposes, was evangelistically seductive. The main issue to be treated in this article are the identity problems that arise on this process, attempting specifically to the use of "rock" music among evangelical youth. How can they install such musical style until now so unacceptable to the representative institutions of this Christianity modality? How do they work their identities with those practices and attitudes that come with "rock and roll" culture like messy sex, drugs, rebelliousness and, some times, a sympaty with satanism? What is the resulting identity composite of this unusual encounter between seemingly so incompatible cultural universes?