RESUMO Fruto de diálogos estabelecidos ao longo de algum tempo, a presente entrevista intenta contribuir para ampliar os horizontes da pesquisa em Linguística Aplicada no Brasil e das pesquisas fundamentadas em quadros de referência críticos e decoloniais, que colocam em xeque a modernidade/colonialidade, bem como noções de progresso, desenvolvimento, verdade, certeza e educação fundadas na separabilidade que privilegia o ser humano em relação a todos os outros seres. É nessa tônica que a professora Vanessa de Oliveira Andreotti, titular da Cátedra de Pesquisa Canadense em questões relacionadas à raça, globalização, desigualdades e transformações sociais na educação, nos convida a dar um passo atrás: não para enxergar o “verdadeiro” cenário e analisar as consequências da globalização, mas para tentarmos entender os padrões históricos e sistêmicos de reprodução dessas desigualdades e assim vislumbrar ou mesmo criar possibilidades outras de coexistência no planeta. O escopo da entrevista, neste sentido, insere a Linguística Aplicada num universo amplo que inclui nossas bases ontoepistemológicas na percepção do que seja construir conhecimento e fazer ciência num processo de ampliação de possibilidades de leitura de si, do outro e do mundo.
ABSTRACT As a result of dialogues established for some time now, this interview aims to contribute to broaden the horizons of both research in Applied Linguistics in Brazil and research based on critical and decolonial scholarships. These perspectives question modernity/coloniality, as well as notions of progress, development, truth, certainty, and education, which are based on a separability that privileges the human being over all other beings. Building on this, Professor Vanessa de Oliveira Andreotti, who holds a Canada Research Chair in Race, Inequalities and Global Change, invites us to take a step back, but not to see the “real” scenario and analyze the consequences of globalization. Instead, the invitation is to try to understand the historical and systemic patterns of reproduction of inequalities and thus to envision or even create other possibilities for coexistence on the planet. The interview, then, positions Applied Linguistics in a broad universe that includes our ontoepistemological bases in the perception of what it means to build knowledge and to do science in a process of expanding the possibilities of reading oneself, the other, and the world.