Resumo Os sorvetes à base de frutas são produtos amplamente consumidos em países tropicais e, devido à sua composição, podem ser uma boa fonte de crescimento microbiano, incluindo patógenos oportunistas. Os objetivos deste estudo foram caracterizar as populações de leveduras presentes nos sorvetes brasileiros à base de frutas e investigar sua susceptibilidade aos antifúngicos anfotericina B, fluconazol e itraconazol, e a capacidade dos isolados, que puderam crescer a 37 °C, de aderir em células epiteliais bucais. Duzentos e sessenta e sete isolados de levedura obtidos das amostras de sorvete foram identificados como pertencentes a 29 espécies, com contagens variando de 1,5 a 5,2 log UFC/mL. As espécies predominantes foram Candida intermedia, Torulaspora delbrueckii, C. parapsilosis, Clavispora lusitaniae, Saccharomyces cerevisiae e Pichia kudriavzevii. Pelo menos 16 espécies de leveduras isoladas neste estudo foram relatadas como agentes patogênicos oportunistas. Quarenta e um isolados de leveduras apresentaram resistência ou susceptibilidade dose-dependente a pelo menos um dos antifúngicos testados. Um isolado de C. parapsilosis foi resistente a todos os antifúngicos testados e mostrou capacidade de aderir a células epiteliais bucais. A porcentagem de adesão foi alta principalmente para isolados de P. kudriavzevii, Meyerozyma guilliermondii, C. parapsilosis, S. cerevisiae e Debaromyces hansenii. Os dados sugerem que a presença dessas leveduras oportunistas como contaminantes nos sorvetes pode representar um risco para o consumidor final, especialmente para indivíduos imunocomprometidos que podem consumir esses produtos.
Abstract Fruit-based ice creams are products widely consumed in tropical countries and, because of their composition, can be a good source for microbial growth, including opportunistic pathogens. The aims of this study were to characterize the yeast populations present in Brazilian fruit-based ice creams, and to investigate the antifungal susceptibility to amphotericin B, fluconazole and itraconazole, and the ability of the isolates that were able to grow at 37 ºC to adhere to buccal epithelial cells (BEC). Two hundred and sixty-seven yeast isolates obtained from the ice cream samples were identified as belonging to 29 species, with counts that ranged from 1.5 to 5.2 log CFU/mL. The predominant species were Candida intermedia, Torulaspora delbrueckii, C. parapsilosis, Clavispora lusitaniae, Saccharomyces cerevisiae and Pichia kudriavzevii. At least 16 yeast species isolated in this study have been reported as opportunistic pathogens. Forty-one yeast isolates showed resistance or dose-dependent susceptibility to at least one of the antifungal drugs tested. One isolate of C. parapsilosis was resistant to all the antifungals tested and showed ability to adhere to BEC. The percentage of adhesion to BEC was high mainly for isolates of P. kudriavzevii, Meyerozyma guilliermondii, C. parapsilosis, S. cerevisiae and Debaromyces hansenii. The data suggest that the presence of these opportunistic yeasts as contaminants in ice creams may represent a potential risk to the final consumer, especially to immunocompromised individuals who may consume these products.