O artigo analisa discursos sobre o risco do HIV/Aids e das drogas, extraídos de duas pesquisas qualitativas desenvolvidas entre jovens de escolas públicas e jovens participantes em programas e serviços sociais públicos. Os dados provieram de grupos focais, oficina e resposta escrita a uma questão aberta; e questionário com questões fechadas e abertas. O texto se baseia em dois eixos de análise presentes no caso da aids e das drogas. O primeiro se relaciona à projeção do risco para um território distante estabelecido pela figura do "outro". O segundo se refere à busca do prazer trazido pelo sexo e pelas drogas, prazer constituído pela sensação de vertigem, de êxtase, de perda dos sentidos, componente oposto à racionalidade esperada pelo discurso preventivo. A compreensão sociocultural do risco nos levou a considerar que, embora cientes do discurso preventivo relacionado aos efeitos negativos das drogas e do HIV/Aids, os jovens o incorporam de forma particular, na qual aparecem inconsistências, ambivalências e ambigüidades. Concluímos que a linguagem do risco para os jovens é diferente daquela presente na área da saúde. Os riscos são concebidos e controlados em meio a diferenças culturais e não reduzidos à probabilidade de ocorrência de um evento negativo, como tratado pela linguagem racional moderna.
The article analyzes the discourse about the risk represented by HIV/Aids and drugs, found in two qualitative researches carried out with youngsters from public schools and from public social services and programs. The data came, for the first research, from focus groups, workshops and a written answer to an open question; and for the second one, a questionnaire with close and open questions. This text is based on two analysis axes which occur in both cases, aids and drugs. The first one is related to the projection of the risk to a distant territory established by the figure of the "other". The second one is related to the search for pleasure provided by sex and drugs, pleasure which derives from dizziness, ecstasy, senses'loss, opposed to the rationality expected by the preventive discourse. The sociocultural comprehension of the risks led us to consider that, in spite of the knowledge about the preventive discourse of the negative effects related to aids and drugs, this is done with inconsistency, ambivalence and ambiguities. It is concluded that the language of the risk for the youngsters is different from the one presented in the health area. These risks are conceived and controlled within the framework of cultural differences, not being reduced to the probability of a negative event, as in the modern rational language.