RESUMO O envenenamento por escorpiões é considerado um problema de saúde pública no Brasil. Um estudo recente descreve a variação do quadro clínico de envenenamento por Tityus obscurus em duas populações separadas por uma distância de 850 km no nordeste da Amazônia. O objetivo deste estudo foi avaliar se tais variações clínicas e toxicológicas estão associadas a diferenças subjacentes na diversidade genética entre essas duas populações de T. obscurus. Obtivemos DNA de cinco indivíduos de cada população nos municípios de Belém e Santarém, localizados a leste e oeste do estado do Pará, Brasil, respectivamente. Regiões gênicas que codificam marcadores de DNA mitocondrial (mtDNA) citocromo oxidase subunidade I (COI) e RNA ribossômico 16S (16S) foram amplificadas e sequenciadas. As análises filogenéticas foram realizadas por máxima verossimilhança (ML) e inferência Bayesiana (BA) para ambos os dados moleculares (COI e 16S). As populações de T. obscurus amostradas corresponderam a duas linhagens distintas de mtDNA (distância genética COI K2 P = 0,08 a 0,13; 16S K2 P = 0,10 a 0,11) sem mutações compartilhadas entre os grupos, e bem corroboradas por inferências ML e BA. Com base nos valores de divergência encontrados entre as populações oriental e ocidental (COI, 0,07 a 0,12; 16S, 0,10), nosso estudo confirma a heterogeneidade genética das populações de T. obscurus no estado do Pará. Os resultados são congruentes com as diferenças observadas no quadro clínico dos acidentes e toxicidade do veneno, e reforçam a necessidade de mapear a distribuição de haplótipos em toda a distribuição geográfica de T. obscurus, para auxiliar em futuros estudos epidemiológicos, toxinológicos e evolutivos. Brasil 85 Amazônia T Santarém Pará respectivamente (mtDNA S (16S sequenciadas (ML BA (BA 16S. . 16S) K 008 0 08 0,0 0,13 013 13 010 10 0,1 0,11 011 11 grupos COI, 007 07 0,12 012 12 0,10, , 0,10) veneno epidemiológicos evolutivos 8 00 0, 01 1
ABSTRACT Scorpion envenoming is considered a public health problem in Brazil. A recent study described a variation in the clinical outcome of envenoming by Tityus obscurus in two populations separated by 850 km in the northeastern Amazon region. Our aim was to evaluate whether such clinical and toxinological variations are associated with underlying differences in genetic diversity between these two T. obscurus populations. We obtained DNA from five individuals of each population, in the municipalities of Belém and Santarém, located east and west of the state of Pará, Brazil, respectively. Gene regions encoding mitochondrial DNA (mtDNA) markers cytochrome oxidase subunit I (COI) and ribosomal 16S RNA (16S) were amplified and sequenced. Phylogenetic analyses were performed using maximum likelihood (ML) and Bayesian inferences (BA) for both molecular data (COI and 16S). The sampled T. obscurus populations corresponded to two distinct mtDNA lineages (genetic distance COI K2 P = 0.08 to 0.13; 16S K2 P = 0.10 to 0.11) with no shared mutations between groups and well supported by ML and BA inferences. Based on the divergence values found between eastern and western populations (COI, 0.07 to 0.12; 16S, 0.10), our study confirms the genetic heterogeneity of T. obscurus populations within the state of Pará, which correlates with observed venom and clinical differences, and reinforces the need for mapping the distribution of haplotypes throughout the geographic range of T. obscurus, to aid in future epidemiological, toxinological, and evolutionary studies. Brazil 85 region T population Santarém Pará respectively (mtDNA S (16S sequenced (ML (BA 16S. . 16S) K 008 0 08 0.0 0.13 013 13 010 10 0.1 0.11 011 11 COI, 007 07 0.12 012 12 0.10, , 0.10) epidemiological studies 8 00 0. 01 1