Foram pesquisadas quatro décadas de livros didáticos de Física, de 1940 a 1980, no âmbito da história dos conteúdos escolares, procurando caracterizar as propostas de ensino de Física no Brasil, identificando o contexto das políticas educacionais e suas relações com as políticas editoriais. O estudo considera os livros, através de seus autores, seus objetivos educacionais implícitos e explícitos, seus conteúdos específicos e suas propostas de desenvolvimento das atividades pedagógicas. A partir da década de 1940, o mercado editorial de livros didáticos e os autores se concentram em São Paulo, sendo professores de escolas públicas nos primeiros períodos (1940–1950) e professores de cursos preparatórios para o vestibular nas décadas seguintes (1960–1970), muitos deles com livros editados por até 3 (três) décadas. Embora tenham ocorrido no período três reformas educacionais, diferenciando-se por: valorização do pensamento cientifico teórico (década de 1940); alinhamento dos temas da física com as áreas da ciência física e acrescentando em sua formulação a importância do caráter experimental (década de 1950); formação tecnológica e profissional (décadas de 1960/1970), a proposta de ensino de Física concretizada em livros de mesma autoria mudou muito pouco, visando a sua adequação a cada nova demanda legal. Por outro lado, a chegada do PSSC no Brasil representa um marco para o ensino da Física, levando às reflexões que resultaram em projetos de ensino no início dos anos 1970, todos com sede em São Paulo, refletindo formas distintas no desenvolvimento dos conteúdos, desde uma visão mais cultural, com a Física bastante contextualizada e o caráter experimental bastante explorado, até projetos com conteúdos bastante teóricos e conceituais, semelhante ao desenvolvimento dos conteúdos propostos em universidades de formação de físicos ou professores de física. Pode-se dizer que a década de 1970 foi um dos períodos mais ricos em termos de proposições em ensino de física, com diferentes visões de física e de ensino.
Four decades of Physics textbooks were researched, from 1940 to 1980, considering the history of school contents. We characterized the proposals for teaching Physics in Brazil, identifying the contexts of educational policies and their relations with editorial policies. The study considers textbooks, through their authors, their implicit and explicit educational objectives, their specific contents, and their proposals for the development of pedagogical activities. From the 1940s onwards, the textbook publishers and authors were concentrated in São Paulo, being public school teachers in the early periods (1940–1950) and teachers of preparatory courses for colleges entrance exams in the following decades (1960–1970), many of them with textbooks published for up to 3 (three) decades. Although three educational reforms took place in the period, differing by valuing theoretical scientific thinking (the 1940s); alignment of the physics themes with the physical science areas, and adding in its formulation the importance of the experimental character (the 1950s); technological and professional training (1960s/1970s), the proposal for teaching Physics implemented in textbooks by the same authorship changed very little, aiming to adapt it to each new legal demand. On the other hand, the arrival of the PSSC in Brazil represents a milestone for Physics teaching, leading to reflections that resulted in teaching projects in the early 1970s, all created in São Paulo, reflecting different forms of content development, from a more cultural view, with Physics very contextualized and the experimental character extensively explored, to projects with very theoretical and conceptual content, similar to the development of contents proposed in universities training physicists or physics teachers. It can be said that the 1970s was one of the richest periods in physics teaching propositions, with different visions of physics and teaching.