Introdução: Persiste a questão sobre se há vantagens mecânicas ou de trocas gasosas no uso da ventilação pressão-controlada (VPC) sobre a ciclada a volume (VCV). Objetivos: Comparar, de forma randômica, a VPC com a VCV com fluxo desacelerado nos modos assistido e controlado em modelo experimental de lesão pulmonar aguda. Métodos: Sete cães com lesão pulmonar aguda grave (PaO2/FIO2 < 100mmHg) induzida por ácido oléico intravenoso (0,05mg/kg) foram ventilados em VPC ou VCV, mantidos constantes o volume corrente e o tempo inspiratório. Nas duas modalidades os animais foram ventilados por 40 minutos no modo assistido seguido do modo controlado após curarização. Resultados: Não houve diferenças em relação às trocas gasosas (PaO2 e PaCO2), ao débito, ao transporte de oxigênio e à mecânica respiratória entre a VCV e a VPC. O consumo de oxigênio (VO2) após a curarização foi semelhante (124 ± 48 na VCV versus 143 ± 50ml/min na VPC, com p = 0,42). Entretanto, no modo assistido, houve tendência de maior VO2 na VPC (219 ± 72 versus 154 ± 67ml/min na VCV, p = 0,06). Isso associou-se a tendência de maior custo de oxigênio da respiração (COR) naquela modalidade, embora sem diferença estatística significante (31 ± 77 na VCV versus 75 ± 96ml/min na VPC, p = 0,23) e menor PvO2 (34 ± 7 versus 42 ± 6ml/min na VCV, p = 0,02). O pico de fluxo inspiratório nos ciclos assistidos foi maior na VPC (58 ± 9 versus 48 ± 4L/min na VCV, p = 0,01). A instituição da ventilação controlada por curarização reduziu em cerca de 20% o débito cardíaco e o DO2 em relação ao modo assistido, tanto na VCV quanto na VPC. Conclusões: Em um modelo de insuficiência respiratória grave, com elevado COR, a manutenção da ventilação controlada em relação à assistida melhorou a relação entre oferta e consumo de oxigênio. A VPC não trouxe benefícios às trocas gasosas ou à mecânica pulmonar em relação à VCV, podendo aumentar o COR no modo assistido no presente modelo.
Background: It is questionable whether pressure-controlled ventilation (PCV) has advantages over volume-cycled ventilation (VCV). Objectives: To compare PCV to VCV with decelerating flow profile during assisted and controlled modes in an acute lung injury experimental model. Methods: Severe acute lung injury (PaO2/FIO2 < 100 mmHg) was induced by oleic acid IV infusion (0.05 mg/kg) in seven dogs. The animals were submitted to PCV and VCV in a randomized sequence. After 40 minutes in the assisted mode, ventilation was changed to the controlled mode after neuromuscular blockade. The tidal volume and the inspiratory time were kept constant throughout the experiment. Results: There were no differences in gas exchange (PaO2 and PaCO2), cardiac output or oxygen delivery (DO2) between VCV and PCV. The same was observed regarding maximum airway and plateau pressures, and also to the static compliance. Oxygen consumption (VO2) after neuromuscular blockade was 124 ± 48 in VCV versus 143 ± 50 ml/min in PCV, p = 0.42. In the assisted mode, there was a statistical trend of a higher VO2 in PCV (219 ± 72 versus 154 ± 67 ml/min in VCV, p = 0.06), that was associated with a statistical trend of a higher oxygen cost of breathing (OCB) during assisted PCV, although without statistical significance (31 ± 77 in VCV versus 75 ± 96 ml/min in PCV, p = 0.23), and also in a lower PvO2 (34 ± 7 in PCV versus 42 ± 6 ml/min in VCV, p = 0.02). These occurred despite a higher maximum inspiratory flow in the assisted mode in PCV (58 ± 9 versus 48 ± 4 L/min in VCV, p = 0.01). In both VCV and PCV the institution of controlled ventilation reduced cardiac debit and DO2 in as much as 20% relative to the assisted mode. Conclusions: The implementation of controlled ventilation improved the oxygen delivery/consumption relationship in this severe and with high OCB acute lung injury model. The PCV offered no additional benefits to VCV and it was associated with a higher OCB during the assisted mode.