O darwinismo centrado nos organismos, para usar fenótipos diretos para medir os efeitos da seleção natural, requer harmonia e coerência uniforme do genoma, além de populações de grande tamanho. Contudo, o darwinismo moderno, centrado no gene, tem encontrado novas interpretações para dados que falam de incoerência e desarmonia genômica. Como resultado dessas duas posições conflitantes, uma crise conceitual nasceu na Biologia. Minha posição é que a presença de demes de diminuto tamano, é importante para gerar divergência e crise fenotípica; além disso, a presença de genomas parasitas, como em vermes acantocéfalos, que chegam a manipular comportamentos suicidas em seus hospedeiros; distorcedores de segregação que alteram a meiose e as taxas mendelianas; genes egoístas e cromossomas inteiros egoístas, tais como no caso de cromossomos B do gafanhoto; elementos P da Drosophila; cromossomos Y que manipulam as taxas sexuais, fazendo com que os machos sejam mais freqüentes, como no "drive" ligado ao X de Hamilton; e genes estratégia macho e fora-da-lei são exemplos eloqüentes da presença de genomas conflitantes reais e de uma coerência fenotípica e harmonia genômica não uniformes. Assim, nós propomos que a incoerência e a desarmonia em geral geram desordem, mas também geram mais biodiversidade e criatividade. Finalmente, se os genes podem manipular a seleção natural, eles podem multiplicar as mutações ou as características indesejáveis e mesmo as letais ou deletérias, daí o acúmulo de cargas genéticas. Genes fora-da-lei podem mudar o que é conveniente adaptativamente, mesmo no sentido do carácter que se afasta do ótimo. O ótimo pode ser "negociado" entre as variantes não apenas porque os efeitos pleiotrópicos assim o exigem, mas também, em alguns casos, porque genes egoístas ou fora-da-lei ou elementos P ou manipulação fenotípica externa assim o requerem. Com o darwinismo organísmico, o genoma na população e no indivíduo era considerado como agindo harmoniosamente sem conflitos e os genótipos caminhavam em direção a uma maior adaptabilidade. O darwinismo moderno tem uma visão centrada no gene, em que os genes, como objetos da seleção natural, podem mudar em dissonância no sentido que beneficia sua multiplicação. Assim, existem maiores oportunidades para os genomas que estão em permanente conflito.
Organismic-centered Darwinism, in order to use direct phenotypes to measure natural selection's effect, necessitates genome's harmony and uniform coherence plus large population sizes. However, modern gene-centered Darwinism has found new interpretations to data that speak of genomic incoherence and disharmony. As a result of these two conflicting positions a conceptual crisis in Biology has arisen. My position is that the presence of small, even pocket-size, demes is instrumental in generating divergence and phenotypic crisis. Moreover, the presence of parasitic genomes as in acanthocephalan worms, which even manipulate suicidal behavior in their hosts; segregation distorters that change meiosis and Mendelian ratios; selfish genes and selfish whole chromosomes, such as the case of B-chromosomes in grasshoppers; P-elements in Drosophila; driving Y-chromosomes that manipulate sex ratios making males more frequent, as in Hamilton's X-linked drive; male strategists and outlaw genes, are eloquent examples of the presence of real conflicting genomes and of a non-uniform phenotypic coherence and genome harmony. Thus, we are proposing that overall incoherence and disharmony generate disorder but also more biodiversity and creativeness. Finally, if genes can manipulate natural selection, they can multiply mutations or undesirable characteristics and even lethal or detrimental ones, hence the accumulation of genetic loads. Outlaw genes can change what is adaptively convenient even in the direction of the trait that is away from the optimum. The optimum can be "negotiated" among the variants, not only because pleiotropic effects demand it, but also, in some cases, because selfish, outlaw, P-elements or extended phenotypic manipulation require it. With organismic Darwinism the genome in the population and in the individual was thought to act harmoniously without conflicts, and genotypes were thought to march towards greater adaptability. Modern Darwinism has a gene-centered vision in which genes, as natural selection's objects can move in dissonance in the direction which benefits their multiplication. Thus, we have greater opportunities for genomes in permanent conflict.