Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar as articulações entre a produção das biopolíticas de amamentação e os discursos produzidos sobre desenvolvimento social após o período pós-guerra com vistas à problematização da dicotomia natureza/cultura mediante a qual a amamentação é frequentemente operada. Numa perspectiva antropológica, examinaram-se as biopolíticas de amamentação comparativamente às transformações nos discursos desenvolvimentistas. O exame dos movimentos globais realizadas por essas biopolíticas permitiu compreender como uma rede de entidades variadas (como órgãos de governo, organismos multilaterais, agências internacionais de desenvolvimento e organizações não-governamentais) vem configurando ao longo do tempo a amamentação em conformidade com os discursos e práticas desenvolvimentistas em vigor. Inicialmente, o discurso desenvolvimentista girava em torno da industrialização e modernização, e a amamentação não era foco de atenção das políticas públicas. Nas décadas de 1970 e 1980, quando o discurso desenvolvimentista passou a focar a desnutrição e a mortalidade infantil, têm início as primeiras biopolíticas globais de amamentação e a prática da amamentação passa a ser operada como um meio de combater tais males. Já o discurso de desenvolvimento social em jogo na contemporaneidade evoca também um processo de desenvolvimento individual. Simultaneamente, as biopolíticas de amamentação recorrem a tecnologias variadas com este propósito. Conclui-se que os discursos desenvolvimentistas atuam como uma referência sociocultural com base na qual a amamentação é operada, o que permite dizer que a amamentação é uma prática tão natural quanto política, econômica e social.
Abstract: This study aimed to analyze the links between the production of biopolitics for breastfeeding and social development discourses after the post-war period, with a view towards problematizing the nature/culture dichotomy by which breastfeeding is often operationalized. The study adopts an anthropological perspective to compare biopolitics for breastfeeding with the changes in developmentalist discourses. The analysis of global movements by these biopolitics helped explain how a network of distinct entities (e.g., government agencies, multilateral bodies, international development agencies, and nongovernmental organizations) have shaped breastfeeding over time in keeping with the prevailing developmentalist discourses and practices. Initially, the developmentalist discourse focused on industrialization and modernization, and breastfeeding was not the focus of public policies. In the 1970s and 1980s, when the developmentalist discourse shifted the focus to child malnutrition and infant mortality, the first global biopolitics for breastfeeding were launched, and breastfeeding practice began to be operationalized as a means to fight these health problems. Meanwhile, the contemporary social development discourse also evokes a process of individual development. Simultaneously, biopolitics for breastfeeding rely on various technologies for this purpose. The conclusion is that developmentalist discourses act as a sociocultural reference by which breastfeeding is operationalized, and thus that breastfeeding is not only a natural process, but also a political, economic, and social one.
Resumen: El objetivo de este artículo ha sido analizar los vínculos entre la generación de biopolíticas en lactancia materna y los discursos existentes sobre desarrollo social, tras el período de posguerra, relacionados con la problematización de la dicotomía naturaleza/cultura, a través de la cual transita frecuentemente lactancia materna. Desde una perspectiva antropológica, se examinaron comparativamente biopolíticas en lactancia materna con transformaciones surgidas en los discursos desarrollistas. El examen de los movimientos globales, realizados por esas biopolíticas, permitió comprender cómo una red de entidades variadas (como órganos de gobierno, organismos multilaterales, agencias internacionales de desarrollo y organizaciones no gubernamentales) han considerado a lo largo del tiempo la lactancia materna, según los discursos y prácticas desarrollistas en vigor. Inicialmente, el discurso desarrollista giraba en torno a la industrialización y modernización, y la lactancia materna no era el centro de atención de las políticas públicas. En las décadas de los 1970 y 1980, cuando el discurso desarrollista pasó a centrarse en la desnutrición y la mortalidad infantil, comenzaron las primeras biopolíticas globales en lactancia materna y la práctica de la lactancia pasó a ser tratada como un medio de combatir tales males. Ya el discurso de desarrollo social en boga en la contemporaneidad evoca también un proceso de desarrollo individual. Simultáneamente, las biopolíticas en lactancia materna exploran tecnologías variadas con este propósito. Se concluye que los discursos desarrollistas actúan como una referencia sociocultural, basándose en cómo es operada la lactancia materna, lo que permite considerarla una práctica tan natural, como política, económica y social.