RESUMO: Devido à melhora na nutrição e na medicina veterinária, há mais cães idosos do que antes. Infelizmente, acompanhando este crescimento na população geriátrica, houve um aumento no número de cães demonstrando distúrbios de comportamento e senilidade aparente. Entretanto, muitos dos proprietários têm considerado todos esses sinais decorrentes de uma inevitável velhice. O objetivo deste estudo foi obter a prevalência de sinais clínicos relacionados com alterações comportamentais na população canina idosa, atendida no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP. Proprietários de 800 cães idosos responderam um questionário sobre desorientação, alterações na interação social, perda de treinamento (urina e/ou defeca em locais não habituais), alterações no ciclo sono-vigília, atividade física, memória, aprendizagem, consciência e percepção. Os resultados obtidos neste estudo apresentaram uma prevalência de alterações comportamentais na população canina idosa significativa, variando de 22,3% dos cães, com pelo menos seis alterações comportamentais e, chegando a 90,7% com pelo menos uma alteração de comportamento, sendo alterações na atividade física (58,5%) e perda de treinamentos adquiridos (30,2%) os grupos de maior percentual relatado pelos proprietários. Conclui-se que a prevalência de alterações comportamentais relacionadas com o envelhecimento da população canina é alta, sendo importante incluir questões sobre as alterações comportamentais durante as consultas clínicas veterinárias regulares para identificar, o mais precocemente possível, estes sinais clínicos e realizar ações para investigar as possíveis causas de déficit cognitivo, incluindo doenças neurológicas, como a Síndrome de Disfunção Cognitiva canina.
ABSTRACT: Owing to improvements in animal welfare, such as in nutrition, preventive medicine, and diagnostic tools, older dogs have become increasingly more prevalent than before. Unfortunately, there is an increasing number of dogs presenting behavioral changes correlated with this growth in the geriatric population. However, many of these owners consider these signs as normal for old age. This study aimed to determine the prevalence of clinical signs related with behavioral changes in the canine geriatric population admitted to the Veterinary Hospital of the Veterinary Medicine and Animal Science College of Universidade Estadual Paulista. The owners of 800 old dogs completed a questionnaire about disorientation, changes in social interaction, loss of training (house soiling), changes in the wake-sleep cycle, physical activity, memory, learning, consciousness, and perception. The results showed that the prevalence of behavioral changes in the canine geriatric population was 90.7% of dogs that presented at least one of these behavioral changes, and 22.3% with at least six changes, and with changes in physical activity (58.5%) and loss of acquired training (30.2%) being the highest percentage groups that were reported by the owners. We concluded that the prevalence of behavioral changes related with aging in the canine geriatric population was high, and that it was important to include questions about behavioral changes during regular veterinary clinical appointments to identify these clinical signs earlier and investigate the possible causes of the cognitive impairment, including neurological diseases, such as Canine Cognitive Dysfunction Syndrome.