Objetivo: Investigar o perfil de crescimento físico de crianças xavantes de 5 a 10 anos de idade, que vivem nas Terras Indígenas Sangradouro-Volta Grande e São Marcos (Mato Grosso). Métodos: O inquérito foi realizado em fevereiro de 1997 em duas escolas indígenas administradas por missionários salesianos. A amostra incluiu 233 crianças entre 5 e 10 anos incompletos. Foram coletados dados referentes a data de nascimento, peso, estatura, perímetro braquial e dobra cutânea tricipital. Para estatura e peso, as informações xavantes foram comparadas com as curvas do National Center for Health Statistics (NCHS), preconizadas pela Organização Mundial da Saúde. Resultados: Os resultados demonstram que 9% das crianças xavantes apresentam valores de estatura/idade inferiores a -2 escores z. No caso dos meninos, há diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05) nas médias de escores z para os índices estatura/idade e peso/idade entre as duas comunidades investigadas, o que não foi observado para as meninas. As crianças xavantes apresentam valores médios de estatura inferiores aos observados em crianças norte-americanas, contudo por vezes próximos às medianas das crianças brasileiras investigadas pela Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN). Conclusões: O perfil de crescimento físico das crianças xavantes distancia-se, em certos aspectos, daquele comumente descrito para crianças de outras populações indígenas da América do Sul. Com base nas evidências encontradas, parece-nos adequado sugerir que as curvas de referência norte-americanas podem ser aplicadas para avaliar o estado nutricional das crianças xavantes.
Objective: To investigate the physical growth of Xavante children aged 5 - 10 years and living at the Sangradouro and são Marcos reservations, state of Mato Grosso, central Brazil. Methods: A cross-sectional survey was carried out in February 1997 in two native Brazilian Indian schools. Our sample included 233 children. The following data were collected: birth date, sex, weight, height, arm-muscle circumference, and triceps skinfold thickness. Data on height and weight were compared to National Center for Health Statistics (NCHS) growth charts following the recommendation of the World Health Organization. Results: Our results show that 9% of our population sample had height-for-age Z scores <-2. For boys, statistically significant differences (p < 0.05) in height-for-age and weight-for-age Z scores were observed between the two communities. Similar differences were not observed for girls. Xavante children are, in average, shorter in height than North-American children. However, for some age groups, the average values of height overlap with those of the Brazilian children investigated by the National Research on Health and Nutrition (PNSN). Conclusions: The physical growth profile of Xavante children presented important differences when compared to that of a number of other South American native Indian populations. Based on the information collected, we argue that North-American curves can be used to evaluate the nutritional status of Xavante children.