Resumo A plasticidade fenotípica geralmente observada em caracteres morfológicos e anatômicos foliares pode ser influenciada por diversos fatores, como luminosidade, disponibilidade de nutrientes no solo, umidade e herbivoria, entre outros. Testamos essa plasticidade em Miconia nervosa (Melastomataceae) em um fragmento florestal no sul da Amazônia, Mato Grosso - Brasil, buscando verificar possíveis estratégias de aclimatação morfoanatômica à luminosidade. Coletamos folhas totalmente expandidas de 15 indivíduos adultos expostos diretamente à luz solar, nas margens de um lago, e 15 sob o sombreamento do dossel. Avaliamos quantitativamente oito variáveis morfológicas e seis anatômicas, das quais seis e quatro, respectivamente, diferiram significativamente entre folhas de sol e sombra. Morfologicamente, as folhas de sol apresentaram maior tamanho da lâmina foliar e do pecíolo e, anatomicamente, células epidérmicas com paredes levemente mais espessadas, maiores densidades e índice estomático. Folhas de sombra apresentaram epiderme significativamente mais espessa em ambas as faces. As folhas de M. nervosa apresentaram grau mediano a alto de plasticidade nas variáveis morfoanatômicas conforme índice de plasticidade fenotípica, com caracteres mistos de ambientes de sol e sombra. Sugerimos que a distribuição dos indivíduos de M. nervosa na floresta está relacionada à disponibilidade de luz e umidade do solo.
Abstract The phenotype plasticity usually observed in morphological and anatomical leaf traits may be influenced by several factors, such as luminosity, soil nutrient availability, humidity and herbivory, among others. We tested leaf plasticity in Miconia nervosa (Melastomataceae) in a forest fragment in Southern Amazonia, Mato Grosso State - Brazil, seeking to verify morpho-anatomical strategies of light acclimation. We collected fully expanded leaves of 15 individuals exposed directly to sunlight, on a lake edge, and 15 under canopy shading. We evaluated quantitatively eight morphological variables and six anatomical variables, of which six and four, respectively, differed significantly between sun and shade leaves. Morphologically, sun leaves showed larger leaf and petiole sizes and anatomically, epidermal cells with slightly thickened walls, higher stomatal index and density. Shade leaves showed significantly thicker epidermis on both leaf faces. Leaves of M. nervosa exhibited medium to high degree of plasticity in morpho-anatomical traits, according to the plasticity index, with mixed characteristics of sun and shade environments. We suggest that the distribution of M. nervosa individuals in the forest is related to the availability of light and soil moisture.