RACIONAL: A terapêutica do linfoma não-Hodgkin gástrico primário é controversa, com defensores da extirpação cirúrgica, da radioterapia e quimioterapia isoladas ou combinadas, especialmente em relação aos estádios mais iniciais. OBJETIVOS: Analisar as características clínico-patológicas e os resultados do tratamento nos doentes operados no Serviço de Gastroenterologia Cirúrgica do Hospital do Servidor Público Estadual, São Paulo, SP, com linfoma gástrico primário em estádio inicial. Realizar revisão da literatura, destacando os aspectos diagnósticos, fatores prognósticos e o papel das diferentes modalidades de tratamento. MÉTODO: Dezesseis doentes com linfoma gástrico primário no estádio inicial foram submetidos ao tratamento cirúrgico curativo. Idade, sexo, localização, tamanho, tipo de operação, número de lesões, profundidade da invasão, tipo histológico de acordo com a classificação de Kiel, comprometimento linfonodal, estádio pela classificação de Ann Arbor modificada por Musshoff e Schmidt-Vollmer, grau histológico, margens, terapia adjuvante, evolução e sobrevivência. RESULTADOS: Dez (62,5%) doentes foram submetidos a gastrectomia subtotal e seis (37,5%) a gastrectomia total. A maioria (9/56,2%) das lesões estava localizada no antro. Lesões únicas (10/62,5%) foram mais freqüentes que as múltiplas (6/37,5%). Treze doentes (81,2%) foram classificados no estádio IE e três (18,7%) no estádio IIE1. Dez (62,5%) enfermos apresentaram linfoma gástrico primário de baixo grau e seis (37,5%) de alto grau. Os tipos histológicos mais freqüentes foram o linfoplasmocítico citóide (4/25.0%) e o centroblástico (4/25,0%). Dez doentes (62,5%) receberam tratamento adjuvante (quimioterapia e/ou radioterapia). Nove enfermos (56,2%), todos no estádio IE, atingiram sobrevivência maior que 5 anos e oito (50,0%) receberam tratamento adjuvante. Dois (12,5%) doentes no estádio IIE1 tiveram recidiva peritonial e faleceram 3,0 anos e 3,5 anos após suas respectivas operações. A média global de sobrevivência foi de 42,5 meses. CONCLUSÕES: Nos doentes com linfoma gástrico primário em estádio inicial (IE e IIE1), a extirpação gástrica permitiu o estádio clinico-patológico acurado, a obtenção de material para o estudo anatomopatológico, a extirpação da lesão e, para enfermos com doença no estádio IE, a extirpação gástrica combinada com terapia adjuvante foi associada com sobrevivência maior que 5 anos. Até que estudos prospectivos casualizados sejam realizados para avaliar a eficácia dos diferentes tipos de tratamento do linfoma gástrico primário em estádio inicial, os protocolos de tratamento devem ser adaptados individualmente.
BACKGROUND: There is controversy regarding the optimal therapy for primary non-Hodgkin gastric lymphoma with some authors defending surgical extirpation either alone or in association with radiotherapy and or chemotherapy, especially in relation to the earlier stages of the disease. AIM: To analyze the clinical-pathological features and the results of management approaches for patients with primary early-stage non-Hodgkin's lymphoma of the stomach operated in Surgical Gastroenterology Department, "Hospital do Servidor Público Estadual", São Paulo, SP, Brazil. The literature is reviewed to highlight the aspects of diagnosis, prognostic factors and role of the various treatment regimens. METHOD: Sixteen patients with primary early-stage gastric lymphoma underwent curative surgical treatment. The variables analyzed were age, sex, location, size, type of surgery, number of lesions, depth of invasion, histological type in accordance with Kiel's classification, involvement of lymph nodes, Ann Arbor stage classification modified by Musshoff and Schmidt-Vollmer, histological grade, margins, adjuvant therapy, clinical course and survival. RESULTS: Ten patients (62.5%) underwent subtotal gastrectomy and six (37.5%) underwent total gastrectomy. The majority (9/56.2%) of the lesions were located in the antrum. Single lesions (10/62.5%) were more frequent than multiple lesions (6/37.5%). Thirteen patients (81.2%) were classified as stage IE and three (18.7%) as stage IIE1. Primary gastric lymphoma classified histologically as low or high grade was presented by 10 (62.5%) and 6 (37.5%) patients, respectively. The most frequent histological types were the lymphoplasmocytic cytoid (4/25.0%) and centroblastic (4/25.0%). Ten patients (62.5%) received adjuvant treatment (chemotherapy and/or radiotherapy). Nine patients (56.2%), all in stage IE, reached a survival greater than 5 years and of these eight (50.0.%) had received adjuvant therapy. Two (12.5%) patients with stage IIE1 presented peritoneal relapse and died 3.0 years and 3.5 years after their respective operations. The mean overall survival was 42,5 months. CONCLUSIONS: Among the patients with primary early-stage gastric lymphoma (IE and IIE1), the gastric resection enabled an accurate clinicopathological staging, in addition to obtaining sufficient material for histopathological study and extirpation of the lesion. Furthermore, for patients with stage IE disease, the gastric resection combined with adjuvant therapy was associated with a greater than 5-year survival. Until prospective randomized studies are realized in order to evaluate the real efficacy of the different types of treatment for primary early-stage gastric lymphoma, management approaches should be individually tailored.