resumo Alguns textos recentes da literatura brasileira propõem como protagonistas uma experiência descentrada e impessoal que já não se manifesta na história de um sujeito presente ante si mesmo, pleno de interioridade e de propriedades, mas que, pelo contrário, escolhe as relações e o espaço entre seres e coisas - o intervalo - como matéria prima da narrativa. Textos escritos como escuta de várias vozes diferentes (como Delírio de Damasco, de Veronica Stigger), ou a partir de um descentramento narrativo fundamental que entrelaça uma multiplicidade de registros (entre o ensaio, o comentário crítico, o testemunho, a ficção e a fotografia), como em História natural da ditadura, de Teixeira Coelho, encontram na instabilidade de discursos e formas outros modos de pensar a experiência compartida e singular. Outros modos de pensar a experiência que, para além do sujeito e para além do indivíduo, é aquilo ao que podemos chamar de experiência do comum.
abstract Some recent Brazilian literary texts have abandoned the story of an individual self to concentrate instead on a meticulous cartography of networks, clusters, relationships and situations that explore aspects of the impersonal and the anonymous. These texts interrogate the intensity of a life irreducible to the notion of a self. Texts written as the compilation of anonymous, overheard voices (as for example in Delírio de Damasco, by Verônica Stigger), or propose a radical decentering of the narrative voice by layering a multiplicity of registers (essay, critical commentary, testimony, fiction, photography), as in História natural da ditadura, by Teixeira Coelho. This essay finds, in the instability of discourses and literary forms, other ways to think about shared experiences in complex critical ways.
resumen Algunos textos recientes de la literatura brasileña proponen como protagonista una experiencia descentrada e impersonal que ya no se manifiesta en la historia de un sujeto presente ante sí mismo, pleno de interioridad y de propiedades, sino que por el contrario, escoge las relaciones y el espacio entre seres y cosas - su intervalo - como materia prima de la narrativa. Textos escritos como escucha de varias voces diferentes (como Delírio de Damasco, de Verónica Stigger), o a partir de un descentramiento narrativo fundamental que entrelaza una multiplicidad de registros (entre el ensayo, el comentario crítico, el testimonio, la ficción y la fotografía) como en História Natural da Ditadura, de Teixeira Coelho, encuentran en la inestabilidad de discursos y formas otros modos de pensar la experiencia compartida y singular. Otros modos de pensar la experiencia que, más allá del sujeto y del individuo, es aquello a lo que podemos llamar experiencia común.