Descrevemos ações que configuram o trabalho de aprender espanhol como língua adicional e o trabalho de ser membro em entrevista de proficiência oral em português como língua adicional em duas sequências de fala-em-interação, segmentadas de dois corpora: 24 horas de gravações audiovisuais de aulas de espanhol como língua adicional em uma escola de línguas no Brasil (ABELEDO, 2008) e 10 horas de gravações em áudio de entrevistas de proficiência oral em português como língua adicional do exame Celpe-Bras (FORTES, 2010). Essas análises, representativas de coleções de ambos os corpora, mostram que os participantes utilizam práticas de descrição e categorização (SACKS, 1992; SCHEGLOFF, 2007a) aceitáveis e compreensíveis para manter a sua intersubjetividade (GARFINKEL, 1967), orientando-se para as práticas de descrição e categorização da língua adicional como sendo não apenas aceitáveis, mas preferíveis. A atribuição e a ratificação de categorias de pertencimento (SACKS, 1992; SCHEGLOFF, 2007a) entre os participantes também são comuns a ambos os corpora: para o trabalho de aprender, os participantes atribuem e ratificam categorias institucionais (SCHEGLOFF, 1992) enquanto demonstram copertencimento na comunidade de práticas linguísticas que eles simultaneamente instauram, reorganizando, portanto, a sua participação (GOODWIN; GOODWIN, 2004); para o trabalho de ser membro competente em entrevistas de teste de proficiência linguística, os participantes conferem uns aos outros categorizações localmente relevantes em torno de [ser daqui] e [ser de lá]. Os resultados da análise nos permitem conceber a aprendizagem de língua adicional como trabalho interacional constante que é inseparável da participação. A análise dos dados de entrevistas de proficiência oral aponta para a necessidade de parâmetros de avaliação de proficiência oral em língua adicional cada vez mais válidos e coerentes com a visão de que o uso da linguagem serve para ação no mundo (CLARK, 1996).
Analyses of two interactional segments excerpted from two data sets are offered here to describe actions that accomplish doing learning an additional language and doing being a member in language testing interviews. The first data set is composed of 24 hours of audiovisual records of interaction in Spanish-as-an-additional-language classes in Brazil (ABELEDO, 2008) and the second amounts to 10 hours of audio records of Celpe-Bras oral-proficiency testing interviews (FORTES, 2010). In these representative analytic samples from larger studies, participants are shown to deploy description and categorization practices (SACKS, 1992; SCHEGLOFF, 2007a) that they treat as acceptable and intelligible to maintain their intersubjectivity (GARFINKEL, 1967), and they orient to such practices in the additional language as preferable. Attribution and ratification of membership categories among interactants are also shown to be crucially operative in both data sets: for doing learning, participants attribute and ratify institutional categories (SCHEGLOFF, 1992) while displaying comembership in the linguistic community of practices that they simultaneously engender, thus reorganizing their participation (GOODWIN; GOODWIN, 2004); for doing being a member during language testing interviews, participants assign each other locally relevant categorizations around [being from here] and [being from there]. Results allow us to conceive of additional-language learning as the ongoing interactional work that is inseparable from participation, and call for the development of valid oral-proficiency language assessment criteria increasingly attuned to the fact that language is used for doing things in the world (CLARK, 1996).