Objetivando avaliar o potencial do primata C. apella como modelo experimental da leishmaniose cutânea, produzida pela L. (V.) braziliensis e L. (L.) Amazonensis , inocularam-se, via intradérmica, 3 X 10(6) de promastigotas dessas leishmanias, em 8 sítios da cauda de 10 espécimens desse primata, 5 deles com a L. (V.) braziliensis e outros 5 com a L. (L.) Amazonensis . Posteriormente, às inoculações, o exame semanal dos animais e biópsias mensais, revelaram os seguintes resultados relativos a cada parasita: a) L. (V.) braziliensis : o período de incubação foi de 15-20 dias; aos 30 dias evidenciaram-se lesões pápulo-eritematosas, que evoluíram para nódulos ao fim de 60 dias; no 3.° mês, notou-se ulceração espontânea destas lesões e, no 4° mês, deu-se o início da reparação das lesões ulceradas, culminando com a cura em um dos animais após 5 meses, em dois após 6 meses, noutro após 7 meses e, no último, após 10 meses. Quanto ao parasitismo nas lesões, foi demonstrado nos 5 animais, até 90 dias; depois disto, somente em 2 até 120 dias e, por fim, até 180 dias apenas naquele que curou depois de 10 meses, b) L. (L.) Amazonensis : o período de incubação foi de 20 dias; aos 30 dias notou- se lesões pápulo-eritematosas, que também evoluíram para nódulos ao fim de 60 dias, porém, a partir do 3.° mês, estas lesões regrediram rapidamente ao fim de 90 dias, quando não mais detectou-se o parasita na pele dos animais. Em relação aos testes de Montenegro, somente 2 dos 5 animais infectados com a L. (V.) braziliensis reagiram ao teste, 60 e 90 dias após as inoculações. Os resultados observados permitiram confirmar a infectividade do C. apella a estas leishmanias e, também, reforçar a indicação desse primata como modelo experimental da leishmaniose cutânea causada por estes parasitas.
As a means of assessing the usufulness of the monkey Cebus apella as an experimental model for the study of cutaneous leishmaniasis, 5 of these animals were inoculated intradermally at 8 sites along the tail with 3 X 106 promastigotes of L. (V.) braziliensis , while a further 5 monkeys received similar inoculations with 3 X 10(6) promastigotes of L. (L.) Amazonensis . Following the inoculations, weekly examinations and monthly biopsies showed evolution of resulting skin lesions to be as follows: a) L. (V.) braziliensis : lesions were first visible 15-20 days postinoculation (p.i), and at 30 days they were clearly of an etythematous-papular nature, which assumed a nodular form at 60 days; after 3 months a spontaneous ulceration of these lesions was noted and, at 4 months, the initiation of healing. In one animal total healing was apparent 5 months p.i; in two others at 6 months, in another monkey after 7 months, and in the last animal at 10 months p.i. Amastigotes were demonstrated in smears from the lesions of all monkeys up to 90 days p.i; up to 120 days in two animals, and at 180 days p.i. in the monkey which showed resolution of the lesions after 10 months, b) L. (L.) Amazonensis lesions were first apparent after 20 days p. i; at 30 days they were of an en'thematous-papular nature, developing into nodules at 60 days. From the third month of infection onwards, however, the lesions diminished rapidly and, at 90 days p.i. amastigotes were no longer detectable in the skin. With regards to the Montenegro (leishmanin) skin tests, only two of the monkeys (infected with L. (V.) braziliensis ) gave positive reactions, at 60 and 9 ) days p. i. These results confirm the susceptibility of C. apella to infections with both L. (V.) braziliensis and L. (L.) Amazonensis , and support previous indications that this monkey may serve as an useful experimental model for the study of cutaneous leishmaniasis caused by these parasites.