Zonas ripárias são áreas de saturação hídrica, permanente ou temporária, cuja principal função é a proteção dos recursos hídricos de uma microbacia. Essa pesquisa comparou a adequação do uso do solo de dois cenários de planejamento agrícola de uma microbacia: o cenário convencional, representando o método usualmente empregado, que apenas considera as classes de capacidade de uso da terra, e o cenário hidrológico, que inclui a delimitação e avaliação das zonas ripárias. Um estudo de caso foi realizado na Microbacia do Ribeirão São João (3.656 ha), no município de Mineiros do Tietê (São Paulo, Brasil). Mapas de Classe de Capacidade de Uso da Terra e de Adequação do Uso do Solo foram elaborados, utilizando o Sistema de Informação Geográfica (SIG), para a construção dos cenários convencional e do proposto. Excluindo a Área de Preservação Permanente (APP), o cenário convencional indicou que 59,0% da área destinada à agricultura está adequadamente utilizada, 28,2% está subutilizada e 2,6% está sobreutilizada. O cenário proposto ou hidrológico, com inclusão da identificação da zona ripária (24,9% da microbacia) mostrou que muitas áreas que, no cenário convencional, possuem pouca restrição para o cultivo intensivo, como as classes II e III, são zonas ripárias, de sensibilidade hidrológica. Existem dentro dos limites da zona ripária 38,9% de classe de capacidade de uso III e 49,5% de classe IV. O planejador, desconsiderando a zona ripária, pode colocar em risco áreas vitais que, se degradadas, representam danos para a saúde e resiliência da microbacia.
Riparian zones are water-saturated areas, permanent or temporary, which are important for the protection of the water resources in small watersheds. This study compared the adequacy of the land use in two scenarios of agricultural planning of a small watershed: the conventional scenario, representing the method usually employed, which considers only the classes of land use capacity, and the hydrological scenario, which also includes the delimitation and evaluation of the conditions of the riparian zones. A case study was carried out in the São João Creek watershed (3656 ha), located in Mineiros do Tietê (São Paulo/Brazil). Land Use Capacity Classes Map and Adequacy of Land Use Map were elaborated, using the Geographical Information System (SIG), for construction of the conventional and alternative scenarios. The conventional scenario indicated that 59.0% of the agricultural area, excluding the Permanent Preservation Area (PPA), is being properly used, 28.2% is underused and 2.6% is overused. The proposed hydrological scenario, with inclusion of the riparian zone, which represents 24,9% of the watershed, shows that many areas, which in the conventional scenario present little restriction to intensive cultivation, as classes II and III, are actually riparian zones. Within the limits of the riparian zones, there are 38.9% of the capacity class III and 49.5% of the class IV. Therefore, if the riparian zones are not considered in land use planning, the risk of degradation of these hydrological sensitive areas may increase, which can affect the health and resilience of the watershed.