A democracia é um dos temas mais discutidos na Ciência Política. Existe uma unanimidade em torno da legitimidade do regime democrático vis-à-vis seus opositores. Contudo, se a defesa da democracia é consensual, não há a mesma concordância sobre o que ela significa. O debate sobre o tema ressurge como conseqüência da crise da representação política nos países de democracia consolidada, da falência dosregimes autoritários nos países do Leste Europeu, Ásia e América Latina e das incertezas quanto à consolidação dos regimes democráticos. O artigo analisa alguns pontos de inflexão existentes na teoria democrática, mormente as questões envolvendo a relação entre democracia, lógica da ação coletiva, representação política, interesse e accountability. Inicia-se apresentando a influência de Max Weber sobre a teoria da democracia de Joseph Schumpeter, depois apresenta-se os fundamentos do minimalismo, sua influência sobre o pluralismo de Robert Dahl, os paradoxos da lógica da ação coletiva e a teoria econômica da democracia, discorrendo-se também sobre alguns aspectos dos conceitos de representação política, responsabilização, interesse, formação de preferências e vontade geral. Afirma-se que o sentido da representação política tem tornado-se cada vez mais complexo, especialmente porque a sua prática não tem coadunado-se com o "ideal da representação popular na política", característico da utopia democrática. Existe um hiato claro entre a exigência de mais representação e como ela efetiva-se nas sociedades. Contudo, o artigo defende que, apesar de todas as críticas que recebe, a democracia como sistema de governo sobrevive sob diversas condições sociais e históricas diferentes, e isto ocorre porque existe algo comum a todos os regimes democráticos: instituições representativas. Sem elas, não há como existir democracias
Democracy is one of the most widely-discussed themes in Political Science. There is unanimous agreement regarding the legitimacy of the democratic regime in the face of those that oppose it. Nonetheless, if there is consensus on the defense of democracy, there is no analogous consensus regarding what the concept really means. Debate on the theme re-emerges as a consequence of the crisis of political representation in countries where democracy has been consolidated, of the fall of authoritarian regimes in eastern Europe, Asia and Latin America and the incertainties surrounding consolidation of democratic regimes. This article analyzes some of the inflections that are present in democratic theory, particularly on issues that involve the relationship between democracy, the logic of collective action, political representation, interest and accountability. We begin by presenting Max Weber's influence on Joseph Schumpeter's theory of democracy, followed by the bases of his minimalism, his influence on Robert Dahl's pluralism, the paradoxes of the logic of collective action and of economic theory of democracy. We then go on to particular aspects of concepts of political representation, responsibility, interest, forming of preferences and general will. We find that the meaning of political representation has become increasingly complex, particularly because its practice has not been consonant with the "ideal of popular representation in politics" that is characteristic of democratic utopia. There is a clear hiatus between the demand for more representation and how in fact the latter materializes within society. Nonetheless, we argue that, notwithstanding all the criticisms it has received, democracy as a system of government survives under different social and historical conditions and this happens because all democratic regimes share one common feature: representative institutions. Without them, democracy is a mere fiction
La démocratie est l'un des thèmes les plus discutés dans la Science Politique. Il existe une unanimité autour de la legitimité du régime démocratique vis-à-vis ses opposants. Toutefois, si la défense de la démocratie est consensuelle, la même concordance sur son significat n'existe pas. Le débat sur le thème resurgit comme une conséquence de la crise de la représentation politique dans les pays de démocratie consolidée, de la faillite des régimes autoritaires dans les pays de l'Est Européen, Asie et Amérique Latine et des incertitudes par rapport à la consolidation des régimes démocratiques. L'article analyse certains points d'inflexion existants dans la théorie démocratique, particulièrement les questions concernant la relation entre la démocratie, la logique de l'action collective, la représentation politique, l'intérêt et la reddition de comptes. Il commence par présenter l'influence de Max Weber sur la théorie de la démocratie de Joseph Schumpeter; après, il présente les fondements du minimalisme, son influence sur le pluralisme de Robert Dahl, les paradoxes de la logique de l'action collective et la théorie économique de la démocratie, en citant aussi certains aspects des concepts de la représentation politique, la responsabilisation, l'intérêt, la formation de préférences et la volonté générale. On affirme que le sens de la représentation politique devient de plus en plus complexe, spécialement parce que sa pratique ne s'allie pas avec "l'idéal de la représentation populaire dans la politique", caractéristique de l'utopie démocratique. Il y a une lacune entre l'exigence pour plus de représentation et comment elle existe en effet dans la société. Toutefois, l'article défend que, malgré toutes les critiques qu'elle reçoit, la démocratie tant que système de gouvernement survit sous diverses conditions sociales et historiques différentes, et cela se produit parce que il y a quelque chose de commun dans tous les régimes démocratiques : des institutions représentatives. Sans ces institutions, l'existence des démocraties ne serait pas possible