RACIONAL: O estado de ativação imune provocado pelo vírus da hepatite C pode agir deleteriamente em indivíduos portadores do vírus da imunodeficiência humana, favorecendo a destruição mais rápida dos linfócitos CD4. Por outro lado, a recuperação imune observada após o início da terapia antiretroviral pode ser parcialmente embotada em indivíduos co-infectados pelo vírus da hepatite C. OBJETIVO: Avaliar o impacto da co-infecção pelo vírus da hepatite C na imunidade celular dos pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana. MÉTODOS: Foram avaliados pacientes co-infectados por ambos os vírus, atendidos prospectivamente no Ambulatório de Gastroenterologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre, RS (grupo 1 - 385 pacientes), e monoinfectados pelo vírus da imunodeficiência humana cujos dados foram obtidos através da revisão dos prontuários do Serviço de Infectologia do mesmo Hospital (grupo 2 - 198 pacientes). Foram avaliados dados demográficos (gênero, raça, idade), contagem de células CD4 e CD8, relação CD4/CD8 e carga viral do vírus da imunodeficiência humana. O nível de significância adotado foi de 5%. RESULTADOS: Não houve diferença estatisticamente significativa quando avaliados os valores médios da contagem de células CD4 (374,7 ± 215,7 x 357,5 ± 266,0), CD8 (1.512,4 ± 7.274,6 x 986,7 ± 436,4) e da carga viral do vírus da imunodeficiência humana (83.744,2 ± 190.292,0 x 104.464,0 ± 486.880,5), respectivamente nos grupos 1 e 2, bem como na proporção de pacientes com relação CD4/CD8 menor que 1. CONCLUSÃO: A co-infecção por estes vírus não trouxe impacto negativo relevante em relação aos monoinfectados pelo vírus da imunodeficiência humana e as características de imunidade foram semelhantes.
BACKGROUND: The immune activation provoked by the hepatitis C virus can be deleterious in patients with human immunodeficiency virus, favouring the destruction of CD4 cells. By the other side, the immune restoration observed after the onset of antiretroviral therapy can be partially obscured in patients with the hepatitis C virus. AIM: The objective of the present study was to evaluate the impact of coinfection by hepatitis C virus and the human immunodeficiency virus in the cellular immunity. METHODS: Two groups of patients were considered: coinfected patients were prospectively evaluated in the gastroenterology clinic at "Hospital Nossa Senhora da Conceição", Porto Alegre, RS, Brazil (group 1 - 385 patients), and monoinfected patients by human immunodeficiency virus based on the review of the charts from the infectious diseases clinic (group 2 - 198 patients). Demographic (gender, race, age) CD4 and CD8 cell count, CD4/CD8 index and human immunodeficiency virus viral load were evaluated. A 5% significance level was adopted. RESULTS: There were no difference between the parameters evaluated: mean CD4 count (374,7 ± 215,7 x 357,5 ± 266,0), CD8 (1.512,4 ± 7.274,6 x 986,7 ± 436,4) and HIV viral load (83.744,2 ± 190.292,0 x 104.464,0 ± 486.880,5) respectively in both groups evaluated, as well as the proportion of patients with CD4/CD8 rate below 1. CONCLUSION: Coinfection by both viruses did not have a negative impact in relation to monoinfection by human immunodeficiency virus, and the immune profile was similar in all groups.