OBJETIVO: Analisar as situações de violência domiciliar ocorridas com o agressor sob efeito do álcool. MÉTODOS: Foi realizado um levantamento domiciliar que incluiu as 108 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes em 2005. A amostragem foi por conglomerados, estratificada, probabilística e autoponderada, obtida em três estágios de seleção: setores censitários, domicílios e respondentes (população entre 12-65 anos de idade). O instrumento utilizado para obtenção dos dados foi o Substance Abuse and Mental Health Services Administration, com perguntas sobre dados sociodemográficos e uso de drogas psicotrópicas. RESULTADOS: Foram pesquisados 7.939 domicílios. Em 33,5% foi relatado histórico de violência domiciliar, sendo 17,1% com agressores alcoolizados. Os tipos de violência em associação com uso de álcool mais freqüentes foram: discussões direcionadas a pessoas do domicílio (81,8%), escândalos não direcionados a alguém específico (70,9%), ameaça de agressão física (39,5%) e de quebra de objetos (38,7%), agressões físicas (27,8%), com armas (5,5%) e abuso sexual (3,2%). Mais da metade dos agressores era morador do domicílio, 88,8% deles do sexo masculino. A maioria das vítimas era do sexo feminino (63,9%); 33,9% eram esposas e 18,2% filhos. Quanto às reincidências, 14,1% dos casos perduraram por período entre um a cinco anos e em 14,3% ultrapassaram uma década. A maior parte das vítimas (86%) e dos agressores (77,9%) não procurou por ajuda em serviço de saúde e/ou delegacia. CONCLUSÕES: Além da alta proporção de domicílios brasileiros com histórico de violência com agressores alcoolizados, as agressões apresentaram várias especificidades. A baixa procura por ajuda em serviços de saúde/segurança indica a importância da detecção ativa de casos de violência domiciliar.
OBJECTIVE: To describe situations of domestic violence committed by perpetrators under the influence of alcohol in the largest Brazilian cities. METHODS: A household survey was carried out in the 108 Brazilian cities with more than 200,000 inhabitants in 2005. A multistage probabilistic self-weighted sample stratified in terms of conglomerate units was performed in three selection stages: census tracts, households, and respondents (population between 12 and 65 years old). The instrument to collect the data was the Substance Abuse and Mental Health Services Administration, with questions on sociodemographics and psychotropic drug abuse.. RESULTS: The survey encompassed 7,939 households. In 33.5% of them there were reports of domestic violence, 17.1% out of which involving intoxicated perpetrators. The most frequently reported types of violence associated with the use of alcohol were: arguments among the people in the household (81,8%), loud arguments not aimed at a specific person (70.9%), threats of assault (39.5%), and breaking households objects (38.7%). The respondents also reported physical assault (27.8%), physical assault with weapon (5.5%), and sexual abuse (3.2%). More than half of perpetrators lived in the household and 88.8% were male. Most of the victims were female (63.9%); 33.9% were wives and 18.2% were children. In terms of recidivism, 14.1% of the cases lasted for a period between 1 and 5 years, and in 14.3% they lasted for over a decade. Most of the victims (86%) and perpetrators (77.9%) did not look for the help of either the health services or the police. CONCLUSIONS: In addition to the considerable number of Brazilian households with a history of violence involving intoxicated abusers, this kind of abuse has many specific characteristics. The low rate for the search for help at the health services/police stations point to the importance of actively identifying cases of domestic violence.
OBJETIVO: Analizar las situaciones de violencia domiciliar ocurridas con el agresor bajo efecto de alcohol. MÉTODOS: Fue realizado un levantamiento domiciliar que incluyó las 108 ciudades brasileras con más de 200 mil habitantes en 2005. El muestreo fue por conglomerados, estratificado, probabilístico y autoponderado, obtenido en tres fases de selección: sectores censitarios, domicilios y respondentes (población entre 12-65 años de edad). El instrumento utilizado para obtención de los datos fue el Substance Abuse and Mental Health Services Administration, con preguntas sobre datos sociodemográficos y uso de drogas psicotrópicas. RESULTADOS: Fueron investigados 7.939 domicilios. En 33,5% fue relatado histórico de violencia domiciliar, siendo 17,1% con agresores alcoholizados. Los tipos de violencia en asociación con uso de alcohol más frecuentes fueron: discusiones direccionadas a personas del domicilio (81,8%), escándalos no direccionados a alguien específico (70,9%), amenaza de agresión física (39,5%) y de ruptura de objetos (38,7%), agresiones físicas (27,8%), con armas (5,5%) y abuso sexual (3,2%). Más de la mitad de los agresores era morador del domicilio, 88,8% de ellos del sexo masculino. La mayoría de las víctimas era del sexo femenino (63,9%); 33,9% eran esposas y 18,2% hijos. Con relación a las reincidencias, 14,1% de los casos perduraron por período entre uno a cinco años y en 14,3% ultrapasaron una década. La mayor parte de las víctimas (86%) y de los agresores (77,9%) no procuró ayuda en servicio de salud y/o policía. CONCLUSIONES: Además de la alta proporción de domicilios brasileros con histórico de violencia con agresores alcoholizados, las agresiones presentaron varias especificidades. La baja búsqueda de ayuda en servicios de salud/policía indica la importancia de la detección activa de casos de violencia domiciliar.