RESUMO OBJETIVO : Analisar se variáveis demográficas e socioeconômicas e intervenção coronária percutânea estão associadas ao uso de medicamentos para prevenção secundária da síndrome coronariana aguda. MÉTODOS : Neste estudo de coorte, foram incluídos 138 pacientes com síndrome coronariana aguda, com idade igual ou superior a 30 anos e de ambos os sexos. Os dados foram coletados no momento da alta hospitalar e após seis e 12 meses da alta. O desfecho do estudo foi o uso simultâneo dos medicamentos recomendados para prevenção secundária da síndrome coronariana aguda: antiagregante plaquetário, betabloqueador, estatina e inibidor da enzima conversora de angiotensina ou bloqueador do receptor de angiotensina. As variáveis independentes foram: sexo, idade, escolaridade em anos de estudo, renda mensal em tercis e intervenção coronária percutânea. Descreveu-se a prevalência do uso de cada grupo de medicamento com respectivos intervalos de confiança de 95%, bem como o uso simultâneo dos quatro, em todos os períodos analisados. Na análise bruta verificou-se a associação do desfecho com as variáveis independentes para cada período por meio do teste Qui-quadrado. A análise ajustada foi realizada por Regressão de Poisson. RESULTADOS : Mais de um terço dos pacientes (36,2%; IC95% 28,2;44,3) recebeu prescrição dos quatro medicamentos, simultaneamente, no momento da alta. Não foram observadas diferenças nas prevalências de uso na comparação com os dois períodos de seguimento. A classe de medicamento mais prescrita na alta foi antiagregante plaquetário (91,3%). Na análise bruta, as variáveis demográficas e socioeconômicas não se associaram ao desfecho em nenhum dos três períodos. CONCLUSÕES : A prevalência de uso simultâneo dos medicamentos na alta e nos seguimentos apontou para a subutilização dessa terapêutica na prática clínica. São necessárias estratégias de intervenção para melhoria da qualidade da atenção dada aos pacientes que se estendam além da alta hospitalar, um ponto crítico de transição no cuidado.
ABSTRACT OBJECTIVE : To analyze if the demographic and socioeconomic variables, as well as percutaneous coronary intervention are associated with the use of medicines for secondary prevention of acute coronary syndrome. METHODS : In this cohort study, we included 138 patients with acute coronary syndrome, aged 30 years or more and of both sexes. The data were collected at the time of hospital discharge, and after six and twelve months. The outcome of the study was the simultaneous use of medicines recommended for secondary prevention of acute coronary syndrome: platelet antiaggregant, beta-blockers, statins and angiotensin-converting-enzyme inhibitor or angiotensin receptor blocker. The independent variables were: sex, age, education in years of attending, monthly income in tertiles and percutaneous coronary intervention. We described the prevalence of use of each group of medicines with their 95% confidence intervals, as well as the simultaneous use of the four medicines, in all analyzed periods. In the crude analysis, we verified the outcome with the independent variables for each period through the Chi-square test. The adjusted analysis was carried out using Poisson Regression. RESULTS : More than a third of patients (36.2%; 95%CI 28.2;44.3) had the four medicines prescribed at the same time, at the moment of discharge. We did not observe any differences in the prevalence of use in comparison with the two follow-up periods. The most prescribed class of medicines during discharge was platelet antiaggregant (91.3%). In the crude analysis, the demographic and socioeconomic variables were not associated to the outcome in any of the three periods. CONCLUSIONS : The prevalence of simultaneous use of medicines at discharge and in the follow-ups pointed to the under-utilization of this therapy in clinical practice. Intervention strategies are needed to improve the quality of care given to patients that extend beyond the hospital discharge, a critical point of transition in care.