Resumo A sífilis tem se mostrado um relevante indicador da qualidade da assistência em saúde, em especial do atendimento pré-natal, tendo em vista seu caráter de disseminação transplacentária. O objetivo deste artigo é identificar o conhecimento, as crenças e as condutas dos profissionais que prestam assistência direta às crianças diagnosticadas com sífilis congênita e as suas mães. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida em um hospital e em dez unidades de Estratégia de Saúde da Família, localizados no sul do Brasil. Participaram do estudo 40 profissionais de saúde, dentre enfermeiros, médicos, técnicos e auxiliares de enfermagem. A coleta deu-se através de entrevistas semiestruturadas, analisadas por análise textual discursiva. Os resultados foram divididos em quatro categorias, as quais evidenciaram a sífilis como um problema de saúde pública, principalmente devido à falta de informações e de sensibilização acerca da temática. Os profissionais apontaram como dificuldade o manejo das parcerias sexuais. Ainda, verificou-se julgamentos e crenças incutidos na prática profissional, além de erros e acertos no atendimento, como quanto aos aspectos relacionados a notificação compulsória, testagem, tratamento e atendimento para além do pré-natal, tornando possível a identificação das principais potencialidades e fragilidades dos profissionais. Acredita-se que as intervenções baseadas no levantamento das necessidades, no direcionamento de recursos, nas ações de educação em saúde e na efetivação de políticas públicas, considerando as especificidades de cada serviço, podem ajudar a amenizar essa problemática.
Abstract Syphilis has proved to be a relevant indicator of the quality of health care, especially prenatal care, given its transplacental dissemination character. The objective of this article is to identify the knowledge, beliefs and behaviors of professionals who provide direct assistance to children diagnosed with congenital syphilis and their mothers. This is qualitative research, developed in a hospital and in ten units of the Family Health Strategy, located in the south of Brazil. A total of 40 health professionals participated in the study, including nurses, doctors, technicians and nursing assistants. The collection took place through semi-structured interviews, analyzed by discursive textual analysis. The results were divided into four categories, which showed syphilis as a public health problem, mainly due to the lack of information and awareness on the subject. The professionals pointed out the management of sexual partnerships as a difficulty. Still, judgments and beliefs instilled in professional practice were verified, as well as errors and successes in care, such as aspects related to compulsory notification, testing, treatment and care beyond prenatal care, making it possible to identify the main potential and weaknesses of professionals. It is believed that interventions based on needs assessment, resource allocation, health education actions and the implementation of public policies, considering the specificities of each service, can help to alleviate this problem.