Resumo A presença da docência feminina no ensino superior é uma conquista recente que foi se consolidando em meio a desafios, sobretudo, nos campos de saberes que se estruturaram como lugares exclusivamente masculinos, como é o caso da teologia. Nesse lugar, as mulheres precisaram produzir estratégias políticas, por meio de práticas situadas, para se afirmarem sujeitos de saber, superando barreiras de gênero da ordem simbólica masculina. Nesse sentido, este trabalho busca analisar as práticas acadêmicas das docentes, especificamente, as de orientação de trabalhos acadêmicos e as de publicação, evidenciando quais os sentidos produzidos para o processo de subjetivação ética ou de agenciamento de si. O estudo é baseado em narrativas de quatorze docentes, que atuavam em três instituições católicas, cujos conteúdos são analisados a partir dos pressupostos teóricos do feminismo e dos estudos de gênero, na perspectiva pós-estruturalista, nas definições que envolvem as relações de poder e seus efeitos, e os processos de resistência e de subjetivação ética. Resultados apontam que a ação acadêmica das docentes produz um efeito de contramemória a um modelo de feminino da ordem simbólica masculina. Para isso, elas interagem com as dinâmicas de poder existentes, neutralizando os feitos de um saber globalizante, como estratégia política de subjetivação ou agenciamento ético de si.
Abstract The presence of women professors in higher education has been recently achieve and has been consolidated amid challenges, especially in fields of knowledge that are dominated exclusively by men, as is the case of theology. Here, women need to produce political strategies by means of situated practices to assert themselves as knowledgeable, overcoming gender barriers of the male symbolic order. Thus, this study aims to analyze the academic practices of women professors, specifically in supervising academic studies and publications, showing the meanings produced for the process of ethical subjectivation or self-agency. The study is based on the narratives of 14 professors who worked in three Catholic institutions. The contents of the narratives are analyzed from a feminist theoretical framework and gender studies, with a post-structuralist perspective and definitions that involve relationships of power and its effects, and the processes of resistance and ethical subjectivation. Results indicate that the academic action of teachers produces a counter-memory effect to a feminine model of the masculine symbolic order. For this, they interact with the existing dynamics of power, neutralizing the facts of a globalizing knowledge, as a political strategy of subjectivation or ethical self-agency.