Desde os escritos seminais de Max Weber, a sociologia da religião tem retratado a profecia hebraica como a própria matriz do racionalismo ocidental, ao mesmo tempo em que lhe tem atribuído a promessa de um futuro no qual Israel prevaleceria sobre todas as outras nações. Após a experiência do exílio babilônico, essa promessa teria transformado os judeus em um "povo-pária", auto-segregado, ritualista, legalista, orientado por uma ética dual e, como tal, incapaz de conferir uma dinâmica universalista ao monoteísmo ético peculiar a seu próprio Livro sagrado. A profecia hebraica teria, nessa perspectiva, dado início a um processo evolutivo que somente o Novo Testamento, com sua doutrina da salvação universal, via sacrifício do Redentor, teria sido capaz de levar adiante. Argumenta-se que tal linha de raciocínio, que se encontra na base de todo o empenho, de matriz weberiana, em explicar a evolução da ética ocidental, se desenvolveu no interior de um arcabouço cuja natureza é teológica; mais precisamente, nos marcos da "teologia cristã da superação", assim chamada por postular que o Novo Testamento superou o judaísmo ao universalizar o acesso à graça divina que este último havia restringido a um pretenso "povo escolhido".
Since the seminal writings of Max Weber, the sociology of religion has pictured the Hebraic prophecy as the very matrix of the occidental rationalism, while attributing to it the promise of a future in which Israel would prevail over all other nations. After the experience of the Babylonic exile, such promise has transformed the Jews in a "pariah-peoples," self-segregated, ritualistic, legalist, oriented by some dual ethics and, as a result, unable to confer a universalistic dynamics to the ethical monotheism peculiar to its own sacred Book. The Hebraic prophecy would have, in this perspective, begun the evolutive process that only the New Covenant, with its universal salvation doctrine via the sacrifice of The Redeemer, would have been able to carry out. It is argued that such reasoning, found in the basis of all the effort of Weber to explain the evolution of the occidental ethics, has developed within some theological framing. It can be seen more precisely in the markings of the "Christian theology of overcoming," which postulates that the New Covenant has superseded Judaism by making universal the access to the divine grace the latter had restricted to a pretense "chosen peoples."
Depuis les écrits séminaux de Max Weber, la sociologie de la religion traite la prophétie hébraïque comme la propre matrice du rationalisme occidental, en même temps qu’elle lui attribue la promesse d’un futur dans lequel Israël prévaudrait sur toutes les autrres nations. Suite à l’exil babylonien, cette promesse aurait transformé les juifs en un "peuple-paria", auto-ségrégué, ritualiste, légaliste, orienté par una éthique dualiste et, en tant que tel, incapable de conférer une dynamique universaliste au monothéisme éthique propre à son Livre sacré. La prophétie hébraïque aurait, suivant cette perspective, été à l’origine d’un processus évolutif qui n’aurait été mené à bon terme que par le Nouveau Testament, avec sa doctrine de salut universel par le sacrifice du Rédempteur. Nous défendons qu’une telle ligne de pensée - qui se trouve à la base de tout l’effort, de matrice webérienne - s’est, en expliquant l’évolution de l’éthique occidentale, développée à l’intérieur d’une structure de nature théologique et, plus précisement, suivant les indicateurs de la "théologie chrétienne de surpassement", qui se nomme ainsi par le fait de soutenir que le Nouveau Testament a supplanté le judaïsme en mondialisant l’accès à la grâce divine que ce dernier avait limité à un soit-disant "peuple élu".