In early 2020, the World Health Organization (WHO) recognized the pandemic situation of the new coronavirus (severe acute respiratory syndrome coronavirus 2, SARS-CoV-2), which causes Coronavirus Disease-2019 (COVID-19). In Brazil by the end of April 2020, another 110 thousand cases and 5,000 deaths had been confirmed. The scarcity of laboratory resources and overload of the care network, added to the broad clinical spectrum of the disease, can make it difficult to capture all mortality from this disease through epidemiological surveillance based on individual notification of cases. The aim of this study was to evaluate the excess of deaths in Brazilian capitals with the highest incidence of COVID-19, as a way of validating the method, we also evaluated a capital with low incidence.
We assessed weekly mortality from all causes during the year 2020, up to the epidemiological week 17, compared with the previous year. The data were obtained through the National Civil Registry Information Center (CNIRC, acronym in Portuguese). We estimate the expected mortality and the 95% confidence interval by projecting the observed mortality in 2019 for the population of 2020.
In the five capitals with the highest incidences it was possible to identify excess deaths in the pandemic period, the age group most affected were those over 60 years old, 31% of the excess deaths occurred in the population between 20 and 59 years old. There was a strong correlation (r = 0.94) between the excess of deaths in each city and the number of deaths confirmed by epidemiological surveillance. There was no excess of deaths in the capital with the lowest incidence, nor among the population under 20 years old. We estimate that epidemiological surveillance managed to capture only 52% of all mortality associated with the COVID-19 pandemic in the cities studied.
Considering the simplicity of the method, its low cost and reliability for assessing the real burden of the disease, we believe that the assessment of excess mortality associated with the COVID-19 pandemic should be widely used as a complementary tool to regular epidemiological surveillance and its use should be encouraged by WHO.
No início de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a situação de pandemia do novo coronavírus (severe acute respiratory syndrome coronavirus 2, SARS-CoV-2), causador da Coronavirus Disease-2019 (COVID-19). No Brasil até o final de abril de 2020 já tinham sido confirmados mais 110 mil casos e de 5 mil óbitos. A escassez de recursos laboratoriais e sobrecarga da rede assistencial, somados ao amplo espectro clínico da doença, pode dificultar a captação de toda a mortalidade por esta doença pela vigilância epidemiológica baseada na notificação individual dos casos. O objetivo deste estudo foi avaliar o excesso de mortes nas capitais brasileiras com maiores incidências de COVID-19, como forma de validação do método avaliamos, também, uma capital com baixa incidência.
Nós avaliamos a mortalidade semanal por todas as causas durante o ano de 2020, até a semana epidemiológica 17, comparando com o ano anterior. Os dados foram obtidos através da Central Nacional de Informações do Registro Civil (CNIRC). Nós estimamos a mortalidade esperada e o intervalo de confiança de 95% projetando a mortalidade observada em 2019 para a população de 2020.
Nas cinco capitais com maiores incidências foi possível identificar excesso de mortes no período da pandemia, a faixa etária mais afetada foram aqueles com mais de 60 anos, 31% do excesso de mortes ocorreu na população entre 20 e 59 anos. Houve uma forte correlação (r=0.94) entre o excesso de mortes em cada cidade e o número de mortes confirmados pela vigilância epidemiológica. Não houve excesso de mortes na capital com mais baixa incidência, nem entre a população com menos de 20 anos. Estimamos que a vigilância epidemiológica conseguiu captar apenas 52% de toda a mortalidade associada à pandemia de COVID-19 nas cidades estudadas.
Considerando a simplicidade do método, seu baixo custo e confiabilidade para avaliação da carga real da doença, acreditamos que a avaliação do excesso de mortalidade associado à pandemia de COVID-19 deveria ser amplamente utilizada como ferramenta complementar à vigilância epidemiológica regular e ter seu uso incentivado pela OMS.