Dados a respeito de 116.699 partos (1062 gemelares e 115.637 únicos) ocorridos entre 1984 e 1996 na maior maternidade de Campinas, SP, Brasil, permitiram fazer as seguintes observações: 1) a despeito da baixa porcentagem de nascimentos gemelares (0,9%), os gêmeos foram responsáveis por 10,7% dos óbitos neonatais precoces e 3,5% dos natimortos. Em relação aos recém-nascidos de parto único, a probabilidade de natimortalidade e mortalidade neonatal precoce dos gêmeos foi, respectivamente, 1,9 e 6,5 vezes menor. 2) A proporção de gêmeos entre os óbitos neonatais precoces vem decrescendo, podendo essa tendência ser atribuída à melhoria da assistência pré- e perinatal. 3) Os três primeiros dias após o nascimento constituíram o período crítico de ocorrência dos óbitos neonatais tanto dos gêmeos quanto dos recém-nascidos de parto único. 4) A mortalidade perinatal incidiu mais freqüentemente nos pares MM, que foram seguidos pelos pares FF, e foi menor nos pares MF. 5) A taxa anual de óbitos neonatais precoces tem decrescido nos recém-nascidos de parto único e nos gêmeos, o mesmo ocorrendo com a taxa anual de natimortos de parto único, mas o decréscimo foi mais acentuado nos recém-nascidos do sexo feminino. 6) Durante o período analisado a razão de sexo esteve praticamente estável nos recém-nascidos de parto único vivos, mostrou variação cíclica nos recém-nascidos que foram a óbito na primeira semana e revelou tendência crescente nos natimortos. A razão de sexo dos gêmeos que foram a óbito na primeira semana e daqueles que sobreviveram também mostrou crescimento acentuado no período entre 1984 e 1996. 7) Nos recém-nascidos de parto único a idade gestacional média foi maior naqueles que sobreviveram, os quais foram seguidos pelos natimortos, sendo menor nos que foram a óbito na primeira semana. Nos gêmeos a idade gestacional média dos sobreviventes foi maior do que a dos falecidos na primeira semana, mas não diferiu daquela apresentada pelos natimortos. 8) O peso médio de todos os recém-nascidos foi maior entre os sobreviventes, que foram seguidos pelos natimortos, e menor naqueles que foram a óbito na primeira semana. 9) Os índices de Apgar > ou = 7 obtidos cinco minutos após o nascimento não podem ser considerados como um indicador de boas condições clínicas do recém-nascido, porque quase a metade dos óbitos neonatais precoces mostraram índices de Apgar de cinco minutos variando de 7 a 10.
Analysis of 116,699 deliveries (1062 twin pairs and 115,637 singletons) which occurred from 1984 to 1996 at the largest obstetric center in Campinas, SP, Brazil, provided the following conclusions: 1) despite the low percentage of twin births (0.9%), 10.7% of all early neonatal deaths and 3.5% of all stillbirths were twins. Compared to singletons, the likelihood of stillbirths and early neonatal deaths among twins was 1.9 and 6.5 times greater, respectively. 2) The proportion of twins among early neonatal deaths tended to decrease, probably because of improvements in prenatal and perinatal care. 3) The critical period for early neonatal deaths in singletons and twins lasted for the three first days after birth. 4) The incidence of perinatal deaths among twins was highest among MM pairs, followed by FF pairs, and lowest among MF pairs. 5) There was a trend towards a decrease in the annual rate of early neonatal deaths among both singletons and twins, and of stillbirths among singletons, the latter being more conspicuous among females. 6) The sex ratio of singletons was practically stable among living newborns, but showed strong cyclic variation among early neonatal deaths, and a tendency to increase among stillbirths. Twins who died in the first week, as well as living twins showed a strong increase in their sex ratio from 1984 to 1996. 7) The mean gestational age of singletons was highest among living newborns followed by stillbirths, and was lowest among early neonatal deaths. The mean gestational age of living twins was higher than that of early neonatal deaths, but not different from that of stillbirths. 8) The mean birth weight of singletons and twins was highest among living newborns, followed by stillbirths, and lowest among early neonatal deaths. 9) Apgar scores > or = 7 obtained five minutes after birth are inadequate as a reliable indicator of the clinical condition of the newborn, since almost half of the early neonatal deaths had 5-min Apgar scores varying from 7 to 10.