Localizado na porção centro-oeste do Estado de Minas Gerais, o Quadrilátero Ferrífero abrange uma área de aproximadamente 7.000 km². Desde o século XVII, a região é conhecida como uma província aurífera e ferrífera, sendo por essa razão uma das regiões mais bem estudadas do Brasil no contexto geológico. A região é de topografia muito acidentada, onde predominam solos pouco evoluídos pedogeneticamente, com destaque para Cambissolos Háplicos, Neossolos Litólicos e Neossolos Regolíticos. Em menor proporção e em rampas de colúvio (relevo suave ondulado), ocorrem Latossolos Vermelhos muito ricos em Fe, anteriormente denominados Latossolos Ferríferos. Neste trabalho, foram realizados estudos para caracterizar física, química e mineralogicamente amostras de nove perfis de Latossolos Vermelhos férricos e perférricos, desenvolvidos de itabirito e rochas afins no Quadrilátero Ferrífero, com os objetivos de melhor entender sua gênese e avaliar critérios taxonômicos que permitam sua diferenciação no SiBCS, em níveis categóricos mais baixos. Os elevados valores de densidade de partículas são peculiares nesses solos e, ao lado da estrutura forte, muito pequena e granular, são fatores que contribuem para subestimar os teores de argila e superestimar os de silte, resultando em relação silte/argila maior do que aquela proposta pelo SiBCS para os Latossolos. A variação dos teores de SiO2, Fe2O3, Al2O3, TiO2, MnO, P2O5 e de alguns elementos-traço aponta para a diversidade na composição química do itabirito ou, ainda, provável mistura com rochas filíticas da região. Os valores das relações Fe2O3/TiO2 (não molecular) e TiO2/Fe2O3 (molecular) revelaram-se diferentes daqueles sugeridos na literatura para separação de Latossolos Vermelhos desenvolvidos de itabirito daqueles de rochas máficas. As frações areia, silte e argila apresentaram grande variação na atração magnética, com as duas primeiras frações evidenciando maior magnetização, em razão da presença de magnetita. Os valores de substituição isomórfica de Fe por Al variaram 0,07 a 0,11 e 0,09 a 0,38 mol mol-1 nas estruturas da hematita e magnetita, respectivamente.
Located in the Midwest of the State of Minas Gerais, a region called Quadrilátero Ferrífero covers an area of approximately 7,000 km². Since the seventeenth century, it is known as gold- and iron-producing province, and the geological context is therefore one of the best-studied of Brazil. The regional topography is very rugged, with mostly poorly developed pedogenesis, especially Cambissolos Háplicos, Neossolos Litólicos and Neossolos Regolíticos. In a smaller proportion and on colluvial ramps (hilly relief), very Fe-rich Latossolos Vermelhos occur, formerly Latossolos Ferríferos. This study characterized the physical, chemical and mineralogical properties of samples from nine ferric and hyperferric Latossolo Vermelho profiles, developed from itabirite and related rocks in the Quadrilátero Ferrífero, with the objectives of improving the understanding of their genesis and establish taxonomic criteria for their differentiation in the SiBCS at lower categorical levels. The high particle density values in these soils are peculiar and along with the strong, very small and granular structure, are factors that contribute to underestimate clay and overestimate silt, resulting in a higher silt/clay ratio than proposed by SiBCS for Latossolos. Variations in the levels of SiO2, Fe2O3, Al2O3, TiO2, MnO, P2O5, and of some trace elements indicate the diversity in the chemical composition of itabirite or a probable mixture with phyllitic rocks of the region. The ratios of Fe2O3/TiO2 (non-molecular) and TiO2/Fe2O3 (molecular) reported in the literature for separation of Latossolos Vermelhos differed between soils developed from itabirite and from mafic rocks. The magnetic attraction in sand, silt and clay varied greatly; due to the presence of magnetite, magnetization was higher in the former two fractions. The values of isomorphic Al-for-Fe substitution ranged from 0.07 to 0.11 and from 0.09 to 0.38 mol mol-1 in the structures of hematite and magnetite, respectively.