Foram apresentados o risco relativo (RR) e o risco atribuível percentual (RAP) ao fator favelado de morrer, no primeiro ano de vida, em quatro setores de Porto Alegre, RS (Brasil), em 1980. O risco relativo médio de morrer no primeiro ano de vida foi de 2,4 a 3,62 vezes maior para o favelado, considerado um intervalo de confiança de 95%. O RAP ao favelado de morrer no primeiro ano de vida variou de 23,2% a 33,0% considerado um intervalo de confiança de 95%. O estudo dos cinco principais grupos de causas revelou que com exceção dos óbitos por anomalias congênitas, o risco relativo por essas causas foi sempre superior para o favelado; 1,8 vezes maior para afecções perinatais, 5,9 para a doença infecciosa intestinal, 6,1 para pneumonia e gripe e 8,0 para septicemia. Houve setores, como o intermediário sul, em que o risco relativo de morrer por septicemia foi 18,2 vezes maior para o favelado. Quanto ao risco atribuível, verificou-se que em média 28% da mortalidade infantil é atribuível a 18% de favelados. Considerados os principais grupos de causas, o RAP ao fator favelado foi de 12,8% para a mortalidade perinatal, 47,7% para doença infecciosa intestinal, 48,7% para pneumonia e gripe e 56,7% para septicemia. Mesmo levando em conta que o problema social e econômico é o principal determinante do fato de um indivíduo ser favelado, recomenda-se verificar a qualidade da assistência à saúde prestada às populações faveladas, pois é possível obter-se redução de morbi-mortalidade por aquelas causas, através da aplicação de cuidados médicos adequados, dirigidos prioritariamente às populações em piores condições de vida.
The calculation of infant mortality relative risk (RR) and attributable risk percent (ARP), related to shantytown residents (SR) in Porto Alegre, Rio Grande do Sul State, Brazil, 1980 is non-shantytown, residents (NSR). The infant mortality attributable risk due to SR with 95% probability, ranged from 23.2 to 33.0, if other risk factors were not considered. RR ranged from 2.4 to 3.6. For the main five causes of death RR was always higher for SR, except for congenital anomalies, where the relative risk was higher for NSR. RR was: 1.8 times higher for certain conditions originated in pregnancy and around birth (COPAB), 5.9 for intestinal infections diseases (HD), 6.1 for pneumonia and influenza (PI) and 8.0 for septicemia. As for ARP, it was found that 28% of infant mortality occurred in SR, which corresponded to 18.6% of the total population. Considering the main causes of death in SR, ARP was 12.8%, 47.7%, 48.7% and 56.7% respectively for COPAB, IID, PI and speticemia. Even if we take into account that conditions for people living in slums are determined by social and economical factors, it was recommended an evaluation of health care services seeing that such causes of deaths could be prevented by adequate management health care programs, directed mainly to people living under the worst conditions.