RESUMO Esta análise investiga dois romances afro-americanos recentes, a saber, The Underground Railroad (2016) de Colson Whitehead e The Water Dancer (2019) de Ta-nehisi Coates a partir das configurações propostas pelo gênero literário conhecido como narrativas neo-escravas. Essas narrativas são releituras ficcionais pós-modernas de narrativas escravas do século 19 as quais tiveram um papel fundamental no processo de abolição americano. Primeiramente, farei um breve panorama das narrativas neo-escravas, particularmente no que diz respeito ao contexto literário norte-americano, e procederei à investigação de como os dois romances podem ser classificados como pertencentes a esse gênero. Em segundo lugar, debruçarei sobre o papel da memória em ambos os romances, à medida que eventos históricos esquecidos e mitos religiosos são revisitados pelos escritores. Como suporte teórico, recorrerei a autores como Bernard Bell, Ashraf H.A. Rushdy, Toni Morrison, Valerie Smith, entre outros, que investigaram não apenas os motivos do surgimento das narrativas neo-escravas, mas também refletiram sobre as implicações que essas narrativas pós-modernas têm para a memória da escravidão.
ABSTRACT: This analysis investigates two recent African-American novels, namely, The Underground Railroad (2016) by Colson Whitehead and The Water Dancer (2019) by Ta-nehisi Coates from the configurations proposed by the literary genre known as neo-slave narratives. These narratives are postmodern fictional reinterpretations of 19th century slave narratives which had a fundamental role in the American process of abolition. First, I will provide a brief overview of neo-slave narratives, particularly with regards to the North American literary context, and proceed to investigate how the two novels can be classified as belonging to this genre. Second, I will focus on the role of memory in both novels as forgotten historical events and religious myths are revisited by the writers. As theoretical support, I will turn to authors such as Bernard Bell, Ashraf H.A. Rushdy, Toni Morrison, Valerie Smith, among others, who investigated not only the reasons for the emergence of neo-slave narratives, but also reflected on the implications that these postmodern narratives have for the memory of slavery.