A percepção da modernidade como um domínio da contingência é largamente aceita como constituindo tanto o núcleo teórico do pensamento simmeliano quanto a explicação psicológica de seu talento para o ensaio. Segundo esta perspectiva, teríamos na sua obra uma manifestação típica de uma tradição do pensamento moderno que adquire seus traços mais marcantes na "analítica do sublime". Esta tradição torna-se reflexiva com os proto-românticos, reconhece o próprio niilismo em Nietzsche, e finalmente esbarra com o problema da vida como tema central da modernidade. Ao desenvolver, a partir desta tradição, uma abordagem sociológica dita "impressionista", todavia, Simmel passa a definir certas condições essenciais a uma interpretação da relação entre ser e tempo - tema tão caro ao projeto heideggeriano de uma ontologia fundamental. O artigo procura investigar esse aspecto negligenciado da contribuição teórica de Simmel.
The perception of modernity as a domain of contingency is largely accepted as constituting both the theoretical core of Simmel's thought as well as a psychological explanation for his talent as an essayist. According to this perspective his sociological work encapsulates a certain tradition of modern thought which acquires its most distinguishing features in the "analysis of the sublime". This tradition becomes reflexive with the early romantics, recognizes its own nihilism in Nietzsche's work, and, finally, confronts the problem of life as the central theme of modernity. What has not yet been considered is the fact that, developing from this tradition an "impressionist" sociological perspective, Simmel laid the basis for investigating a subject that would become central to Heidegger's project of a fundamental ontology, namely, the relationship between being and time. The article seeks to investigate this neglected aspect of Simmel's contribution.
La perception de la modernité, en tant que domaine de la contingence, est largement acceptée comme constituant aussi bien le centre théorique de la pensée de Simmel qu'une explication de son talent d'essayiste. Selon cette approche, son œuvre condense une certaine tradition de la pensée moderne, qui acquiert ses caractéristiques les plus distinguées dans "analytique du sublime". Cette tradition devient réflexive avec le préromantisme, reconnaît son propre nihilisme dans l'œuvre de Nietzsche et, finalement, confronte le problème de la vie en tant que thème central de la modernité. Néanmoins, en développant, à partir de cette tradition, une approche sociologique soit disant "impressionniste", Simmel a défini certaines conditions pour réaliser l'interprétation d'un sujet qui sera cher au projet heideggérien d'une ontologie fondamentale, c'est-à-dire, la relation entre l'être et le temps. L'article propose une réflexion sur ce geste négligé de la contribution de Simmel.