Resumo O plano de Belo Horizonte, capital inaugurada no fim do século XIX, teve ordem, progresso e higiene como premissas básicas. Todavia, a cidade apresenta, desde suas origens, um padrão peculiar de segregação socioespacial. Essa condição tem sido atribuída a seu plano, que previa a construção de uma zona urbana elitista, expulsando antigos moradores e imigrantes pobres para os subúrbios desorganizados e sem higiene, assim como áreas de risco e ambientalmente frágeis. Esta pesquisa histórica revela quais mecanismos e práticas resultaram em tal segregação socioespacial, agindo além do plano e em consequência dele, ao mesmo tempo que desafia dicotomias tais como centro rico/periferia pobre que têm dominado a historiografia sobre Belo Horizonte, revelando uma realidade muito mais complexa.
Abstract The plan for Belo Horizonte, founded at the turn of the 19thcentury, was premised by order, progress and hygiene. The city has displayed, however, a peculiar pattern of social-spatial exclusion since its beginnings. This pattern has be traced back to the plan, as it foresaw the construction of an elitist urban area in replacement of the existing village, evicting former residents and poor newcomers and relegating them to the unorganized, unhygienic suburbs as well as to at-risk and environmentally fragile areas. This historiographic research reveals which mechanisms and practices led to such social-spatial segregation, working outside and as a result of its plan, while challenging simplistic “rich-center/poor-periphery” dichotomies that have dominated Belo Horizonte’s historiography, unveiling instead a much more complex reality.