Resumo Este ensaio aborda os fundamentos que perspectivam o jogo como mediador da prática psicomotora e a centralidade da dimensão lúdica do corpo-em-relação, enquadrado numa dialética entre o corpo real e o corpo imaginário. Através de uma exposição de ideias, que se fundamentam em diferentes áreas do conhecimento, apresentamos algumas linhas orientadoras para que os profissionais da área da saúde, que pretendem atuar de forma terapêutica ou na ajuda ao desenvolvimento da criança, utilizem o jogo-em-relação. Após breves considerações sobre a psicomotricidade como prática-em-relação, equacionamos a gênese do jogo-em-relação e a sua fundamentação teórico-prática, explicitando a importância das vivências sensoriomotoras (gnosicopráxico) e das representações (imaginário-simbólico) no desenvolvimento psicocorporal e psicomotor da criança. Como considerações finais, veiculamos algumas reflexões necessárias para enquadrar o jogo na intervenção terapêutica, reforçando a importância do estabelecimento de uma relação de qualidade. De forma geral, ao longo do texto, abordamos um conjunto de ideias que permitem aos terapeutas, independentemente de serem psicomotricistas, terapeutas ocupacionais ou outros profissionais, refletir sobre a forma de solicitar a função, a sensorialidade e o imaginário, para favorecerem os processos de integração psíquica, ao utilizarem o jogo-em-relação como mediador da sua intervenção.
Abstract This essay article addresses some fundamentals that look at play as a mediator of psychomotor practice and the centrality of the body-in-relation playful dimension, framed in a dialectic between the real body and the imaginary body. Through an exposition of ideas, which are based on different areas of knowledge, we present some guidelines for health professionals who intend to act in a therapeutic way or assist with child development, using play-in-relation as intervention mediator. After brief considerations about psychomotricity as practice-in-relation, we equate the genesis of play-in-relation and its theoretical-practical grounds, explaining the importance of sensory-motor experiences (perceptive-praxis) and representations (imaginary-symbolic) in the psychocorporeal and psychomotor development of the child. As final considerations, we present some reflections necessary to frame play in therapeutic intervention, reinforcing the importance of establishing a quality relationship. In general, we approach a set of ideas that enables therapists - regardless of whether they are psychomotor therapists, occupational therapists, or others - to reflect on how to request function, sensoriality, and the imaginary to favor the processes of psychic integration, when using play-in-relation as mediator of their intervention.