Objetivo: analisar a prevalência das queixas clínicas uroginecológicas correlacionando-as com o diagnóstico definitivo após o exame urodinâmico e comparar o sinal clínico de perda urinária com o estudo urodinâmico. Métodos: foram analisadas, retrospectivamente, 114 pacientes atendidas no período de junho de 2000 a janeiro de 2001. Todas as pacientes foram avaliadas por meio de anamnese padronizada, exame físico e estudo urodinâmico, sendo classificadas de acordo com o queixa clínica, presença do sinal de perda urinária durante o exame ginecológico e diagnóstico urodinâmico. Utilizou-se a análise estatística dos dados amostrais, por meio da determinação interna de um teste diagnóstico, para calcular a sensibilidade, especificidade e os valores preditivos positivo e negativo do sinal clínico. Resultados: a média de idade foi de 51 anos (19-80), sendo que 61 encontravam-se no menacme (53,5%) e 53 (46,5%) na pós-menopausa. Destas, 10 (18,8%) faziam uso da terapia de reposição hormonal. Do total de pacientes, 25 (21,9%) haviam se submetido a cirurgias prévias para incontinência. A queixa de perda urinária isolada foi referida por 41 pacientes (36,0%), a urgência/urge-incontinência isolada por 13 (11,4%) e os sintomas mistos por 60 (52,6%). Das pacientes com perda isolada, observou-se, à avaliação urodinâmica, que 34 (83%) tinham incontinência urinária de esforço (IUE), nenhuma paciente apresentava instabilidade do detrusor (ID), 2 (4,9%) incontinência urinária mista (IUM) e em 5 (12,1%) o estudo foi normal. Daquelas com queixa de urgência/urge-incontinência isolada, observamos na avaliação urodinâmica que nenhuma tinha IUE, 5 (38,5%) ID, 1 (7,7%) IUM e em 7 (53,8%) o estudo foi normal. Daquelas com sintomas mistos, identificamos na avaliação urodinâmica 25 com IUE (41,6%), 10 com ID (16,7%), 10 IUM (16,7%) e em 15 o estudo foi normal (25,0%). O sinal clínico de perda ao exame físico foi identificado em 50 (43,9%) pacientes. Destas, 35 (70%) tinham diagnóstico urodinâmico de IUE, 6 (12%) IUE e outro diagnóstico e 9 (18%) não tinham IUE. O sinal clínico estava ausente em 64 (56,1%) mulheres. Destas, 23 (35,9%) tinham diagnóstico urodinâmico de IUE, 7 (11%) IUE e outro diagnóstico e 34 (53,1%) não tinham IUE. Conclusões: a história clínica associada ao exame físico têm importância no manejo da incontinência urinária; porém, não devem ser utilizados como único critério para o diagnóstico. Os testes objetivos estão disponíveis e devem ser utilizados em conjunto com os dados clínicos.
Purpose: to analyze the prevalence of urogynecological symptoms and their relationship with final urodynamic diagnosis, and to compare the clinical sign of stress urinary incontinence with urodynamic diagnosis. Methods: a total of 114 patients were included in a retrospective study from June 2000 to January 2001. All patients were evaluated through medical interview, physical examination and urodynamic study. They were classified according to clinical symptom, presence of clinical sign of urine loss and urodynamic study. The data analysis was performed using a test to determine sensitivity, specificity, and positive and negative predictive values. Results: the mean age was 51 years (19-80), 61 patients (53.5%) were in menacme and 53 (46.5%) in postmenopausal stage. Ten (18.8%) were using hormone replacement therapy and 25 (21.9%) had been submitted to surgery for incontinence. The isolated clinical symptom of urine loss was reported in 41 (36.0%) patients, the isolated urgency/urgency-incontinence in 13 (11.4%) and mixed symptoms in 60 (52.6%). In the urodynamic study, of all patients with symptom of isolated urine loss, 34 (83%) had stress urinary incontinence (SUI), no patient had detrusor instability (DI), 2 (4.9%) had mixed incontinence (MI) and 5 (12.1%) had a normal result. Of all patients with isolated urgency/urgency-incontinence, in the urodynamic study, none had SUI, 5 (38.5%) had ID, 1 (7.7%) had MI and 7 (53.8%) had a normal result. Of the patients with mixed symptoms, we identified, on the urodynamic evaluation, 25 (41.6%) who had SUI, 10 (16.7%) ID, 10 (16.7%) MI and 15 (25.0%) a normal result. The clinical sign of urine loss was identified in 50 (43.9%) patients. A total of 35 (70%) had SUI on urodynamic study, 6 (12%) had SUI and another diagnosis and 9 (18%) did not have SUI. Urine loss was absent in 64 (56.1%) women. Of those 23 (35.9%) had SUI on urodynamic study, 7 (11%) had SUI and another diagnosis and 34 (53.1%) did not have SUI. Conclusions: clinical history and physical examination are important in the management of urinary incontinence, although they should not be used as the only diagnostic method. Objective tests are available and should be used together with clinical data.