O presente estudo analisa aspectos epidemiológicos e clínicos relacionados às vítimas de acidentes de trânsito de menores de 15 anos mediante dados obtidos de prontuários médicos. Tais casos foram atendidos no Hospital de Clínicas de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil, no período de 1999 a 2003. Das 1.123 vítimas analisadas, a média de idade foi de oito anos, 65,7% eram meninos, 76,6% envolveram-se nos acidentes como pedestres ou ciclistas, 45,9% apresentaram traumatismo crânio-encefálico e 9% permaneceram internados por mais de duas semanas. Quatorze (1,2%) vítimas faleceram, 78,6% nas primeiras 48 horas de internação e 85,7% haviam sofrido traumatismo crânio-encefálico grave. Dos passageiros de motocicletas ou veículos de quatro ou mais rodas, 58,8% não usavam adequadamente os dispositivos de segurança no momento do sinistro. Dos ciclistas, 61% sofreram traumatismos isolados nos membros. Diferentemente, os pedestres sofreram, com maior constância, lesões múltiplas (57,5%), foram internados em unidade de terapia intensiva (7,1%) e foram responsáveis por 66,7% dos óbitos. Dados epidemiológicos dos acidentes de trânsito envolvendo vítimas na faixa etária pediátrica devem fundamentar programas de prevenção em saúde pública.
This study analyzes epidemiological and clinic characteristics of victims of traffic accidents. Data were obtained from medical records of children under 15 years of age (n = 1,123) admitted to a university hospital in Uberlândia, Minas Gerais State, Brazil, from 1999 to 2003. Mean age was eight years, 65.7% were boys, 76.6% were cyclists or pedestrians, 45.9% suffered head injuries, and 9% remained in hospital for more than two weeks. Fourteen (1.2%) died, 78.6% of these within 48 hours of hospitalization, and 85.7% with brain injuries. Among the passengers of motorcycles and larger vehicles, 58.8% were not using security devices properly at the time of the accident. Among the cyclists, 61% suffered isolated limb injuries. Meanwhile, pedestrians tended to suffer multiple lesions (57.5%) and be admitted to intensive care (7.1%), and represented 66.7% of the deaths. Epidemiological data on pediatric traffic victims can be useful for accident prevention programs.