Resumo Após vivenciar um programa de turismo sustentável relativamente bem sucedido, a cidade de Conceição do Mato Dentro, localizada dentro da Reserva de Biosfera da Serra do Espinhaço, mudou notavelmente após o lançamento de um grande projeto de mineração em 2006. Entre as mudanças, houve a substituição do turismo pela mineração como política de desenvolvimento prioritário do município. A cidade passou a ser um local industrial empoeirado e movimentado. Embora as comunidades afetadas pela mina tenham inicialmente apoiado o projeto de mineração, esta pesquisa identificou a insatisfação emergente e crescente entre elas. Uma abordagem de análise do discurso foi empregada para revelar indícios de um movimento de resistência que vem emergindo das práticas sociais para desafiar os discursos modernizadores dominantes de desenvolvimento representados pelo projeto minerário. Argumenta-se aqui esse movimento de resistência pode ser influenciado pelas vantagens que o programa anterior de turismo sustentável trouxe para a preservação de locais de lazer, usados para socialização e diversão, mas que agora estão com o acesso proibido ou foram destruídos. Neste artigo, essas pessoas não são vistas como ‘comunidades receptoras’, mas turistas. As experiências de lazer e turismo das pessoas afetadas pela mineração gerou senso de comunidade e solidariedade entre eles, mas a sua descontinuidade prejudicou as possibilidades de criticidade e resistência, já que estes valores não foram devidamente representados nas arenas políticas que abrigam os debates acerca do projeto minerário. Em vez disso, o movimento se concentra na criação de empregos e na expansão da riqueza e da renda, enfraquecendo, assim, as possibilidades de transformação do status quo.
Abstract Following the initial success of a sustainable tourism programme, the town of Conceição do Mato Dentro, located within the UNESCO Espinhaço Range Biosphere Reserve, in Brazil, changed remarkably after a large iron ore mining project was launched in 2006. Among the changes was the replacement of tourism with mining as the municipality’s priority development policy. The town changed from a quiet and small rural town to a dusty and busy industrial site. Although the communities affected by the mine initially supported the mining project, this research identified emergent and growing dissatisfaction among them. A discourse analysis approach was employed to unveil the seeds of a resistance movement that has been emerging from the social practices to challenge the dominant modernization and neoliberal discourses of development represented by the mining project. It is argued that resistance can be traced back to both the advantages that the previous sustainable tourism programme brought and to the preservation of leisure sites that were previously used for socialization and amusement but are now either off-limits or have been destroyed. Such people are not seen here as ‘host communities’, but tourists. Tourism and leisure experiences performed by people affected by the mine generated a sense of community and solidarity, but its discontinuity had undermined the possibilities of criticism and resistance, as such values were misrepresented in the policy arenas that hosted the debates around the mining project. Despite its importance among community members, leisure has not been used to legitimize the resistance discourses against the mining project. Rather, the resistance speech focused on job creation and the expansion of wealth and income, thus weakening the possibilities of transforming the status quo.
Resumen Después de vivir un programa de turismo sostenible relativamente exitoso, la ciudad de Conceição do Mato Dentro, ubicada dentro de la Reserva de Biosfera de la Sierra del Espinhaço, cambió notablemente tras el lanzamiento de un gran proyecto de minería en 2006. Entre los cambios, hubo la sustitución del turismo por la minería como política de desarrollo prioritario del municipio. La ciudad pasó a ser un local industrial polvoriento y movido. Aunque las comunidades afectadas por la mina inicialmente apoyaron el proyecto de minería, esta investigación identificó la insatisfacción emergente y creciente entre ellas. Un enfoque de análisis del discurso fue empleado para revelar indicios de un movimiento de resistencia que viene emergiendo de las prácticas sociales para desafiar los discursos modernizadores dominantes de desarrollo representados por el proyecto minero. Se argumenta aquí ese movimiento de resistencia puede ser influenciado por las ventajas que el programa anterior de turismo sostenible trajo para la preservación de lugares de ocio, usados para socialización y diversión, pero que ahora están como acceso prohibido o fueron destruidos. Estas personas no se ven aquí como "comunidades receptoras”, sino como turistas. Las experiencias de turismo y ocio de las comunidades afectadas por el proyecto minero generó sentido de comunidad y solidaridad, pero su discontinuidad dificultó las posibilidades de crítica y resistencia, ya que esos valores no fueron debidamente representados en las arenas políticas donde ocurrieron los debates acerca del proyecto minero. A pesar de su importancia entre los miembros de la comunidad, el ocio no ha sido empleado para legitimar los discursos de resistencia al proyecto minero. En cambio, el movimiento se concentra en la creación de empleos y en la expansión de la riqueza y la renta, debilitando así las posibilidades de transformación del status quo.