Este trabalho analisa um dos temas centrais do último livro de Norbert Elias: a significação do nazismo. Refere-se às razões da perplexidade das correntes liberal e marxista para dar conta do fenômeno, pelo menos em um primeiro momento. A partir dessa constatação, expõe o ponto de vista de Elias, que se aparta de uma história-progresso, no rumo de um processo civilizatório cada vez mais aperfeiçoado. Procura-se demonstrar como a interpretação de Elias está fundada na análise de longa duração da história alemã, dando relevância à constituição do habitus como um conceito explicativo original que não se confunde com o de caráter nacional. O ensaio discute também o peso secundário, embora não irrelevante, que Elias atribui à conjuntura dos anos 20 e princípios dos anos 30 na implantação do nazismo. Indaga-se, por último, se, na opinião de Elias, o nazismo foi um fenômeno datado e específico e, em função da resposta, quais as possibilidades de sua reemergência no quadro atual.
This paper analyzes the significance of Nazism, one of the central themes in the latest book by Norbert Elias. It refers to the reasons behind the perplexity of the liberal and Marxist currents in dealing with the phenomenon, at least initially. Beginning with this observation, the author presents Elias' point of view, which strays from a kind of progress-history towards an increasingly perfected civilizatory process. It seeks to demonstrate how Elias' interpretation is founded on a long-range analysis of German history, highlighting the constitution of habitus as an original explicatory concept, not to be confused with that of national character. The essay also discusses the secondary (albeit relevant) weight Elias ascribes to the context of the 1920s and early 1930s in implanting Nazism. Finally, the author asks whether in Elias' view Nazism was a dated, specific phenomenon and - depending on the answer - what the possibilities might be for its reemergence in the current context.