Traíras (Hoplias malabaricus) adultas foram submetidas a diferentes períodos de privação de alimento (de 30 a 240 dias) e realimentadas por 30 dias após 90 e 240 dias de jejum. O comprimento do estômago permaneceu constante durante todo o tempo experimental. No entanto, o comprimento do intestino reduziu significativamente após 30 dias de jejum. O comprimento normal não foi recuperado após a realimentação. O número de cecos pilóricos não sofreu modificações significativas. Por outro lado, a espessura dos cecos diminuiu após 150 dias de privação de alimento e seu comprimento diminuiu após 180 dias. Após a realimentação, porém, os cecos pilóricos recuperaram a espessura original. Nos peixes realimentados após 240 dias de jejum, os comprimentos dessas estruturas aparentemente apresentaram crescimento compensatório, tornando-se mais longas que as do grupo controle.

Adult traíra (Hoplias malabaricus) were submitted to different periods of food deprivation (from 30 to 240 days) and refed for 30 days after 90 and 240 days of starvation. Stomach length remained constant during all the experimental period. However, the intestine length was significantly reduced after 30 days of food deprivation. Normal length was not recovered after refeeding. The number of pyloric caeca did not change significantly. Conversely, caeca thickness decreased after 150 days of starvation and their length decreased after 180 days. After refeeding, however, the pyloric caeca recovered original thickness. In fish refed after 240 days of starvation the length of these structures seemed to present compensatory growth, becoming longer than in the control group.

Foram estudados os parâmetros hematológicos, glicogênio, glicose e lactato, e a atividade da malato e do lactato desidrogenases em sangue e tecidos de peixes, em normóxia, com diferentes tempos de hipóxia (até seis horas) e recuperação. Apenas após quatro horas de hipóxia o fígado utiliza glicose. Em seis horas de hipóxia, a queda de lactato e o aumento de glicose em praticamente todos os tecidos indicam uma recuperação por meio da RAS (respiração aérea superficial), presumivelmente realizada. O lactato produzido em hipóxia é reaproveitado como combustível oxidativo no coração e no cérebro e como substrato para a neoglicogênese. Não houve variações entre normóxia e hipóxia nos parâmetros hematológicos e na atividade das enzimas LDH e MDH, o que sugere que, provavelmente, esses mecanismos adaptativos não estão envolvidos na resposta ao ambiente hipóxico. Não ocorre variação nas concentrações de glicogênio entre normóxia e hipóxia.

A study of the hematological parameters, glycogen, glucose, and lactate, and the activity of malate and lactate dehydrogenases was carried out in blood and tissues of fishes submitted to two, four, and six hours of hypoxia and recuperation. Only after 4 h of hypoxia was there a drop in liver glucose. After 6 h, a drop in lactate and a rise in glucose in practically all tissues signaled a recuperation of the metabolism, probably due to ASR (aerial surface respiration). Lactate formed during hypoxia was canalized to heart and brain for oxidation and used for neoglucogenesis. There were no changes in hematological parameters nore in the activity of malate and lactate dehydrogenases during normoxia and hypoxia, which suggest that these adaptive mechanisms may not be involved during hypoxia. Glycogen concentrations did not show variation during hypoxia either.

A morfologia e a distribuição das células do epitélio branquial foram analisadas no cascudo Hypostomus cf. plecostomus, peixe que vive em água doce, caracterizada por ser pobre em íons, no Brasil. As células pavimentosas são as mais abundantes em ambos os epitélios, do filamento e lamelar. Entre essas células há um grande número de células mucosas e de células de cloreto. As células mucosas são quase totalmente encobertas pelas células pavimentosas adjacentes e possuem grandes grânulos que mostram eletrondensidades diferentes. Não foram encontradas células mucosas no epitélio lamelar. As células de cloreto estão distribuídas em ambos os epitélios e, em geral, têm uma extensa superfície, que pode exibir poucas microvilosidades curtas em contato com o meio externo. A presença de células de cloreto no epitélio lamelar pode indicar uma adaptação à reduzida concentração de íons na água, a fim de aumentar a capacidade de transporte ativo de íons por meio das brânquias. O tamanho e a forma dessas células aumenta a barreira água-sangue e pode afetar a troca de gases para a respiração. Entretanto, o efeito negativo no processo respiratório pode ser minimizado pelo fato de essa espécie possuir respiração aérea facultativa e poder utilizar o ar atmosférico para suprir sua necessidade de oxigênio.

Epithelial gill cell morphology and distribution were investigated in the armored catfish, Hypostomus cf. plecostomus, which lives in soft ion-poor Brazilian freshwaters. Pavement cells are the most abundant type of cell on both filament and lamellar epithelia and there are a great number of mucous and chloride cells between them. Mucous cells are almost covered by adjacent pavement cells and have large packed granules showing electrondense differences. No mucous cells were found on the lamellar epithelium. Chloride cell were distributed throughout both epithelia and usually have large apical surface facing the external medium and may exhibit short and sparsely distributed microvilli. The presence of chloride cells on the lamellar epithelium may be an adaptation to low ion concentrations in the water, allowing for improved ion-transport capacity of the gill. The large size of these cells increases the water-blood barrier and may affect the transference of respiratory gases. However, the negative effect on the respiratory process may be minimized by this species' ability to resort to atmospheric air to fulfill its oxygen requirements.

O pacu, Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887), um serrasalmídeo de importância comercial endêmico da bacia do Paraná-Paraguai, é uma das espécies de peixe mais amplamente cultivadas na região Neotropical. Sendo uma espécie migradora, que também habita ambientes temporários sujeitos a condições hipóxicas, apresenta grande plasticidade em suas adaptações respiratórias. Com a finalidade de complementar o conhecimento sobre a fisiologia e morfologia respiratória da espécie, alguns aspectos morfológicos das brânquias do pacu, como a estrutura de filamentos e lamelas e o padrão circulatório, são descritos neste trabalho.

The pacu Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887), is a commercially important serrasalmid fish endemic to the Paraná-Paraguay River basin, and one of the most widely cultivated native fish species in the Neotropics. As a migratory species, also inhabiting temporary pools subjected to hypoxic conditions, the species presents a high plasticity concerning respiratory adaptations. In order to supplement basic knowledge on the respiratory physiology and morphology of this species, some structural features of pacu gills, such as filament and lamellae structure, and circulatory pattern are described in this paper.

Foram estudadas a lactato desidrogenase (LDH) e malato desidrogenase (MDH) de músculo branco de peixes aclimatados a 20, 25 e 30°C em diferentes concentrações de substrato e submetidos à hipóxia. Diferenças significativas em atividade enzimática para LDH e MDH são descritas aqui pela primeira vez em Rhinelepis strigosa em peixes aclimatados a 20°C e submetidos à hipóxia por seis horas. A LDH apresentou uma diminuição significativa na afinidade enzimática ao piruvato em hipóxia severa de peixes aclimatados a 20°C e um aumento significativo na afinidade enzimática ao piruvato em peixes aclimatados a 30°C.

Lactate (LDH) and malate dehydrogenase (MDH) of white skeletal muscle of fishes acclimated to 20, 25 and 30°C and thereafter submitted to hypoxia were studied in different substrate concentrations. Significant differences for LDH and MDH of white muscle enzyme activities are described here for the first time in Rhinelepis strigosa of fishes acclimated to 20°C and submitted to hypoxia for six hours. LDH presented a significant decrease in enzyme affinity for pyruvate in acute hypoxia, for fishes acclimated to 20°C and an increase for fishes acclimated to 30°C.