A adrenoleucodistrofia é uma doença genética com padrão de herança ligado ao X (X-ALD) que apresenta heterogeneidade clínica e varia desde a forma infantil cerebral severa até casos de indivíduos pré-sintomáticos. Essa doença é caracterizada pelo acúmulo de ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFA) no plasma, nas adrenais, nos testículos e no sistema nervoso. Indivíduos afetados podem apresentar diferentes formas clínicas, as quais são classificadas de acordo com a expressão fenotípica e a idade de aparecimento dos sintomas iniciais. Alterações moleculares em indivíduos com X-ALD são geralmente mutações no gene ABCD1. No presente trabalho, descrevemos os dados clínicos e a investigação molecular do gene ABCD1 em uma família com duas crianças do sexo masculino afetadas com a forma infantil cerebral, que apresentaram diferenças nas primeiras manifestações sintomáticas para o diagnóstico. Além disso, houve referência ao avô materno diagnosticado com doença de Addison's, indicando a variabilidade fenotípica da X-ALD nessa família. A análise molecular indicou a mutação p.Trp132Ter nos dois pacientes masculinos, e três indivíduos do sexo feminino, entre os onze estudados, mostraram-se heterozigotos para mutação. O conhecimento molecular descrito no presente relato adquiriu maior importância uma vez que uma das portadoras da mutação apresentou-se nos primeiros estágios de gestação. Assim, poderá ser oferecida a possibilidade de armazenamento de sangue de cordão umbilical para que se possa considerar, no futuro, o transplante de células-tronco hematopoiéticas como forma de tratamento, caso a criança seja do sexo masculino e afetada.
X-linked adrenoleukodystrophy (X-ALD) is an inherited disease with clinical heterogeneity varying from presymptomatic individuals to rapidly progressive cerebral ALD forms. This disease is characterized by increased concentration of very long chain fatty acids (VLCFAs) in plasma and in adrenal, testicular and nervous tissues. Affected individuals can be classified in different clinical settings, according to phenotypic expression and age at onset of initial symptoms. Molecular defects in X-ALD individuals usually result from ABCD1 gene mutations. In the present report we describe clinical data and the ABCD1 gene study in two boys affected with the childhood cerebral form that presented with different symptomatic manifestations at diagnosis. In addition, their maternal grandfather had been diagnosed with Addison's disease indicating phenotypic variation for X-ALD within this family. The mutation p.Trp132Ter was identified in both male patients; additionally, three females, out of eleven family members, were found to be heterozygous after screening for this mutation. In the present report, the molecular analysis was especially important since one of the heterozygous females was in first stages of pregnancy. Therefore, depending on the fetus outcome, if male and p.Trp132Ter carrier, storage of the umbilical cord blood should be recommended as hematopoietic stem cell transplantation could be considered as an option for treatment in the future.