RESUMO A variação no tamanho do corpo, comportamento, hábitos alimentares e padrões de uso de habitat em mamíferos de médio e grande porte influenciam a adequação de métodos de amostragem para o registro da presença e abundância. Além disso, mesmo se os métodos são igualmente adequados, diferentes metodologias resultam em distintas relações de custo-eficiência (ou seja, alguns métodos podem ter custos reduzidos, ser menos demorados e/ou exigir técnicos menos qualificados). Concentrando-se em três diferentes métodos comumente usados para monitorar mamíferos de médio e grande porte em florestas tropicais sazonais, comparamos a riqueza de espécies detectada por cada método e quantificamos seu custo-eficiência: (1) armadilhas fotográficas; (2) observações diretas de animais em transectos; e (3) busca por rastros/pegadas em transectos. Nós monitoramos simultaneamente grandes e médios mamíferos ao longo de cinco trilhas entre julho e agosto de 2009 e janeiro e fevereiro de 2010, na Reserva Biológica Serra do Japi, São Paulo, Brasil. Os dados das duas estações distintas demonstraram que, significativamente, uma maior riqueza de espécies foi alcançada através de procura por sinais e observações diretas em transectos. Armadilhas fotográficas registraram menor número de espécies, mas apresentaram um menor custo por espécie. Observações diretas e procura por rastros/pegadas requerem maior número de técnicos de campo (com maior habilidade e experiência) para registrar as espécies focais e, portanto, tiveram um custo mais elevado, mas permitiram que o dobro de espécies fosse gravado em comparação com armadilhas fotográficas. A escolha da metodologia de amostragem depende do objetivo do estudo, das espécies de mamíferos alvo e/ou da quantidade de recursos disponíveis. Nós defendemos o uso de armadilhas fotográficas para estudos de longo prazo e em conjunto com os outros dois métodos para melhorar a precisão na identificação, permitir a identificação individual e permitir estimativas de abundância mais precisas.
ABSTRACT Variation in body size, behavior, feeding habits and habitat use patterns in medium- and large-sized mammals influence the adequacy of sampling methods to register presence and abundance. Moreover, even if methods are similarly adequate, different methodologies result in distinct cost-efficiency relationships (i.e. some may have reduced costs, be less time-consuming and/or require less-skilled technicians). Focusing on three different sampling methods commonly used to monitor medium and large mammals in seasonal tropical forests, we compared the species richness detected by each method and quantified their cost-efficiencies: (1) camera traps; (2) line transects for direct observations of animals; and (3) line transects seeking tracks/footprints. We simultaneously monitored medium and large mammals along five trails between July and August 2009 and January and February 2010, in the Serra do Japi Biological Reserve, São Paulo, Brazil. Data from two distinct seasons demonstrated that significantly higher species richness was achieved by using signs of presence and direct observations detected in transects. Camera traps recorded the fewest species, but represented the lowest cost per species. Direct observations and searches for tracks/footprints required a greater number of field technicians (with more skill and experience) to record the focal species and therefore have a higher cost, but allowed twice as many species to be recorded compared to camera traps. The choice of sampling methodology depends on the study objective, mammal species targeted and/or amount of resources available. We advocate use of camera traps for long-term studies and in conjunction with the other two methods to improve identification accuracy, allow individual identification and permit more accurate abundance estimates.