RESUMO Este trabalho tem como objetivo enfatizar a força coercitiva existente na linguagem, a qual vem sendo elucidada desde a Antiguidade com os sofistas, como é possível visualizar com Górgias, mais especificamente no Elogio de Helena. A visão sofística sobre a linguagem pode ser considerada uma visão embrionária daquilo que veio a ser chamado de pragmática, e é possível ver essa relação, por exemplo, nos trabalhos do filósofo britânico John L. Austin, com destaque à sua teoria sobre os Atos de Fala (AUSTIN, 1990 [1955]). O poder do lógos deve ser pensado como algo capaz de mudar o estado de coisas em que uma dada situação se encontra, sendo necessário considerar a dimensão moral de seu uso, conforme Paveau (2015), uma vez que, através dele, mais do que dizemos, fazemos coisas. Nesse sentido, este trabalho parte de uma notícia a partir da qual é possível verificar o poder do discurso e suas consequências, que em alguns casos podem ser negativas. Ademais, mobilizaremos o conceito de "pós-verdade", que vem ganhando espaço e sendo cada vez mais usado, relacionando-o com aquele poder do discurso sofístico e austiniano.
ABSTRACT This work aims to emphasize the coercive force existing in language, which has been elucidated since Antiquity with the Sophists, as it is possible to visualize with Gorgias, more specifically in the Praise of Helena. The sophistical view of language can be considered an embryonic vision of what has come to be called pragmatics, and it is possible to see this relation, for example, in the works of the British philosopher John L. Austin, with emphasis on his theory on the Acts of Speech (AUSTIN, 1990 [1955]). The power of lógos must be thought of as something capable of changing the state of things in which a given situation is found, and it is necessary to consider the moral dimension of its use, according to Paveau (2015), since through it, more than just say, we do things. In this sense, this work starts from a news report from which it is possible to verify the power of discourse and its consequences, which in some cases may be negative. In addition, we will mobilize the concept of "post-truth", which has gained space and been increasingly used, relating it to that sophistical and Austinian power of discourse.