RESUMEN el artículo es resultado de un trabajo etnográfico llevado a cabo en fincas productoras de quesos artesanales, en el suroccidente de Minas Gerais, Brasil. Tiene el propósito de discutir la complejidad de la actividad y la presencia contemporánea de los campesinos en la fabricación de este producto. Se analizan los campesinos como sujetos históricos, con diversidad de formas de ser y vivir, y características distintivas en relación con el concepto clásico de campesino, resultantes de las situaciones nacionales y regionales propias. La categoría “campesino”, en el ámbito local, ha emergido como un problema epistemológico a confrontar, pues escapa a la ilusión de la circunscripción de la sociedad tradicional, que lo considera un aislado social y cultural bien definido. En un contexto contemporáneo, enmarcado por el acelerado flujo de personas y cosas, en el que las fronteras se diluyen cada vez más, tal categoría no se ha entendido ni se ha empleado como noción de sociedad, sino como actores que se asocian en redes diversas y que tienen la familia, la tierra y el trabajo como elementos morales desde los cuales establecen relaciones específicas con los territorios ocupados. Es una parte de esa complejidad de relaciones la que discuto en este texto. Al acercarme a las experiencias y prácticas desarrolladas por los sujetos sociales, a través del trabajo de campo, la investigación me condujo al desafío de una etnografía con múltiples actores, varios “suelos” etnográficos y cuestiones de orden empírico por resolver. Ante esta situación, opté por asumir la idea de una “campesinidad”, entendida como subjetividad presente, en mayor o menor medida, en diferentes grupos específicos que se articulan en grados distintos y de forma ambigua con la modernidad. Por último, ofrezco ejemplos de cómo la trayectoria de estos actores no es lineal, en la que un movimiento hacia una dimensión de la modernidad puede abrir variantes que reconstituyan la tradición. Con el establecimiento de normas sanitarias que refuerzan procesos de “modernización” y las actividades fiscalizadoras que ponen a los productores de la Canastra en la ilegalidad, analizo cómo estos construyen estrategias locales desde sus modos de campesinidad.
ABSTRACT The article is the result of ethnographic work carried out in artisan cheese farms of southwestern Minas Gerais, Brazil. Its purpose is to discuss the complexity of the activity and the contemporary presence of peasants in the manufacture of this product. The peasants are analyzed as historical subjects, with a diversity of ways of being and living, and distinctive characteristics concerning the classic concept of peasant, resulting from their own national and regional circumstances. The "peasant" category, has emerged locally as an epistemological problem to be addressed, as it escapes the illusion of the circumscription of traditional society, which considers it a well-defined social and cultural unit. In a contemporary context, framed by the accelerated flow of people and things, in which borders are increasingly blurred, this category was not understood or used as a notion of society, but as actors who associate in various networks and who hold the family, land, and work as moral elements from which they establish specific relations with the occupied territories. Part of this complexity of relationships is what I discuss in this text. As I approached, through my fieldwork, the experiences and practices developed by social subjects, the research led me to the challenge of creating a multi-actor ethnography, several ethnographic "soils," and empirical questions to be solved. Faced with this situation, I chose to assume the idea of a "peasantry," understood as a subjectivity present, to a greater or lesser extent, in different specific groups that are articulated to varying extents and in ambiguous terms with modernity. Finally, I provide examples of how the trajectory of these actors is not linear, in such a way that a movement towards a dimension of modernity can open up variants that reconstitute tradition. With the establishment of health standards that reinforce "modernization" processes and the control activities that render illegal the Canastra producers, I analyze how they build local strategies based on their peasant ways.
RESUMO Este artigo é resultado de um trabalho etnográfico realizado em fazendas produtoras de queijos artesanais, no sudoeste de Minas Gerais, Brasil. O objetivo é discutir a complexidade da atividade e a presença contemporânea dos camponeses na fabricação, os quais são analisados como sujeitos históricos, com diversidade de formas de ser e viver, e características particulares em relação ao conceito clássico de camponês, resultantes de situações próprias nacionais e regionais. Escapando da ilusão da circunscrição da sociedade tradicional, como um isolado social e cultural bem-definido, a categoria “camponês”, nos âmbitos locais, emergiu como um problema epistemológico a ser enfrentado. Em um contexto contemporâneo, marcado pelo acelerado fluxo de pessoas e coisas, no qual fronteiras se mostram cada vez mais diluídas, tal categoria não foi entendida e utilizada como noção de sociedade, mas enquanto atores que se associam em redes diversas e que têm a família, a terra e o trabalho como elementos morais a partir dos quais estabelecem relações específicas com os territórios ocupados. É uma parte dessa complexidade de relações que trago aqui. Ao me aproximar das experiências e práticas desenvolvidas pelos sujeitos sociais, por meio do trabalho de campo, a pesquisa me conduziu ao desafio de uma etnografia com múltiplos atores, vários “chãos” etnográficos e com questões de ordem empírica a serem enfrentadas. Diante de tal situação, optei por assumir a ideia de uma “campesinidade”, entendida como uma subjetividade presente em maior ou menor medida em diferentes grupos específicos que se articulam em graus distintos e de forma ambígua com a modernidade. Por fim, trago exemplos de como a trajetória desses atores não é linear, na qual um movimento que se dirige a uma dimensão da modernidade pode abrir variantes que reconstituam a tradição. Ante a chegada de normas sanitárias, que reforçam processos de “modernização”, e atividades fiscalizatórias, que colocam os produtores da Canastra na ilegalidade, analiso como estes constroem estratégias locais a partir de seus modos de campesinidade.