Objetivo: Reportar a prevalência e os resultados terapêuticos em casos de fechamento angular por outros mecanismos além de bloqueio pupilar em uma população de pacientes brasileiros. Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo para avaliar pacientes apresentando ângulo oclusível submetidos à iridotomia periférica a laser (LPI), em uma única instituição, entre julho/2009 e abril/2012. Ângulo oclusível foi definido pela não observação do trabeculado posterior em mais de 180° à gonioscopia sem identação. Olhos com glaucomas secundários ou >90º de sinéquia anterior periférica foram excluídos. Foram coletados os seguintes dados: idade, raça, sexo, mecanismo de fechamento angular (com base na gonioscopia e biomicroscopia ultrassônica), pressão intraocular (PIO), número de medicações antiglaucomatosas e manejo subsequente durante o seguimento. Sempre que ambos os olhos eram elegíveis, o olho direito foi escolhido arbitrariamente para análise. Resultados: Foram incluídos 196 olhos de 196 pacientes (58,3 ± 11,6 anos) que foram submetidos à LPI. Na maioria dos casos [86% (169 pacientes; 133 mulheres e 36 homens), a LPI foi capaz de abrir o ângulo. A PIO média foi reduzida de 18,3 ± 6,4 para 15,4 ± 4,5 mmHg após a LPI (p<0,01). Entre os 27 casos que persistiram com ângulo oclusível, os mecanismos mais comuns envolvidos foram íris em platô (56%) e induzido por componente cristaliniano (34%). A maioria desses casos (85%) foram tratados com iridoplastia periférica a laser (ALPI). Aproximadamente 90% tornaram-se não oclusíveis após a ALPI (redução média da PIO de 18,9%), não havendo diferença significativa entre os pacientes com componentes de íris em platô ou cristaliniano (p=0,34; seguimento médio de 11,4 ± 3,6 meses). Conclusões: Nossos resultados sugerem que, nessa população de pacientes brasileiros, parte dos olhos com fechamento angular não foi completamente tratada com LPI. Nesta série de pacientes de meia-idade, a presença de íris em platô foi a principal causa de fechamento angular persistente, sendo efetivamente tratada com ALPI. Acreditamos que um exame gonioscópico detalhado deva ser realizado após a LPI para descartar fechamento angular persistente por outros mecanismos que não bloqueio pupilar.
Purpose: To assess the prevalence and treatment outcomes of angle-closure mechanisms other than pupillary block in a population of Brazilian patients. Methods: A retrospective chart review was conducted to evaluate patients who had undergone laser peripheral iridotomy (LPI) due to occludable angles at a single institution between July 2009 and April 2012. An occludable angle was defined as an eye in which the posterior trabecular meshwork was not visible for ≥180° on dark-room gonioscopy. Key exclusion criteria were any form of secondary glaucoma and the presence of >90° of peripheral anterior synechiae. Collected data were age, race, gender, angle-closure mechanism (based on indentation goniocopy and ultrasound biomicroscopy), intraocular pressure (IOP), number of antiglaucoma medications and subsequent management during follow-up. If both eyes were eligible, the right eye was arbitrarily selected for analysis. Results: A total of 196 eyes of 196 consecutive patients (mean age 58.3 ± 11.6 years) who underwent LPI were included. In most of the patients [86% (169 patients; 133 women and 36 men]), LPI sucessfully opened the angle. Mean IOP was reduced from 18.3 ± 6.4 mmHg to 15.4 ± 4.5 mmHg after LPI (p<0.01). Among the 27 patients with persistent occludable angles, the most common underlying mechanisms were plateau iris (56%) and lens-induced component (34%). Most of these patients (85%) were treated with argon laser peripheral iridoplasty (ALPI); approximately 90% showed non-occludable angles following the laser procedure (mean IOP reduction of 18.9%), with no significant differences between patients with plateau iris and lens-induced components (p=0.34; mean follow-up of 11.4 ± 3.6 months). Conclusion: Our findings suggest that, in this population of Brazilian patients, several eyes with angle closure were not completely treated with LPI. In the present large case series involving middle-age patients, plateau iris was the leading cause of persistent angle closure and was effectively treated with ALPI. A detailed eye examination with indentation gonioscopy should always be performed after LPI to rule out persistent angle closure due to non-pupillary block mechanisms.