RESUMO Objetivo: Avaliar a importância da reatividade linfonodal na recidiva e mortalidade em pacientes com carcinoma epidermoide de laringe estagiados como pT3 ou pT4 pN0 M0. Métodos: Entre 2002 e 2005, foram selecionados 105 pacientes matriculados na Seção de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCA) com o diagnóstico de carcinoma epidermoide de laringe, com estágio III ou IV. A radioterapia foi indicada em 69 casos. Todos os pacientes foram estagiados como pT3 ou pT4 e pN0. Todos os linfonodos ressecados foram analisados e classificados conforme os quatro padrões de reatividade linfonodal: hiperplasia folicular associada à resposta imune humoral, hiperplasia paracortical associada à resposta imune celular, histiocitose sinusal sem relação com resposta imune específica, e linfonodo normal. Os dois primeiros padrões são definidos como linfonodos estimulados e os dois últimos como linfonodos não-estimulados. O padrão linfonodal mais frequente em cada paciente foi considerado para a análise da relação com a recidiva e mortalidade. Resultados: Foi analisado um total de 3.648 linfonodos, com média de 34,7 linfonodos por paciente. O padrão de reatividade mais frequente foi a histiocitose sinusal (50 casos), seguido da hiperplasia paracortical (35 casos) e da hiperplasia folicular (20 casos), sendo esses padrões sem relação com a recidiva (p = 0,98) ou mortalidade (p = 0,49). No entanto, o estímulo da imunidade celular relacionada à hiperplasia paracervical apresentou relação com significância estatística com melhor sobrevida global em cinco anos (76 versus 60%; log-rank = 0,05). Conclusões: houve correlação positiva entre o padrão de estímulo da imunidade celular e o aumento da sobrevida em cinco anos em paciente pN0 com carcinoma epidermoide de laringe sugerindo a indicação de tratamento adjuvante em casos que apresentarem diminuição da imunidade celular mesmo na ausência de metástases patológicas detectadas pelos métodos habituais.
ABSTRACT Objective: To evaluate the influence of lymph node reactivity on recurrence and survival rates in a population of pT3 or pT4 pN0 patients with laryngeal squamous cell carcinoma. Methods: Between 2002 and 2005, 105 patients with LSSC underwent total laryngectomy with bilateral selective neck dissection including levels II, III and IV. Most (69) received PO radiotherapy. All pathological specimens were either pT3 or pT4, and all necks were pN0. All lymph nodes were analyzed and their reactivity status were classified as the following four patterns: follicular hyperplasia associated with humoral response, paracortical hyperplasia associated with cellular response, sinus histiocytosis with no association with specific immune response, or normal lymph node. Only the first two patterns were considered stimulated, whereas the last two were considered non-stimulated. The most prevalent pattern in a particular neck specimen was considered for the analysis of recurrence and survival. Results: The total number of lymph nodes studied was 3,648, with an average of 34.7 lymph nodes/neck specimens. The most frequent lymph node reactivity patterns were sinusal histiocytosis (50 cases), paracortical hyperplasia (35 cases), and follicular hyperplasia (20 cases). There was no statistical association of these individual patterns with recurrence rate (p = 0.98) or mortality (p = 0.49). However, there was a statistically significant association between paracortical hyperplasia pattern (related to cellular lymph node immunity) and improved five-year survival (76 versus 60%; log-rank = 0.05). Conclusions: There was a positive correlation between stimulated cellular lymph node pattern and improved 5-year survival rate in patients with pN0 laryngeal squamous cell carcinoma, suggesting the indication of adjuvant treatment for those individuals with decreased immune response, even in the absence of pathologic metastases detected by the usual methods.