OBJETIVO: o estudo busca determinar a existência de associação entre a elevação da pressão arterial e os níveis plasmáticos dos peptídeos natriuréticos ANP e BNP, na gestação complicada pela pré-eclâmpsia. MÉTODOS: em estudo transversal caso-controle, pareado por idade gestacional, 25 grávidas normotensas e 61 portadoras de pré-eclâmpsia foram avaliadas quanto ao nível da pressão arterial e às concentrações plasmáticas dos peptídeos natriuréticos ANP e BNP. Exames clínico e laboratoriais foram realizados para o diagnóstico de pré-eclâmpsia, sendo a pressão arterial medida de forma não invasiva. As dosagens hormonais foram obtidas por radioimunoensaio, após extração em colunas Sep-pak C18. Os valores médios das concentrações plasmáticas do ANP e BNP foram comparados entre grupos com pressão arterial progressivamente maiores. A correlação entre os valores da pressão arterial e os níveis plasmáticos do ANP e BNP no sangue materno foi também investigada pela de análise de regressão no grupo completo de gestantes e em grupos específicos excluindo-se a hipertensão anterior à gestação e, em seguida, excluindo-se aquelas sem hipertensão prévia. RESULTADOS: os valores plasmáticos de ANP foram 41.5±7.3, 78.4±13.1 e 89.2±13.4 pg/mL (p<0,00001) e os de BNP plasmático foram 79.5±15.8, 176.7±42.2 e 208.3±63.5 pg/mL (p=0,005), respectivamente, para os grupos de pressão arterial média =107 mmHg, 107-139 mmHg e =140 mmHg. Verificou-se correlação positiva entre as concentrações plasmáticas do ANP e os níveis pressóricos na pré-eclâmpsia, independente da existência de estado hipertensivo prévio à gestação (p<0,0001 para pré-eclâmpsia e p<0,01 para pré-eclampsia sobreposta à hipertensão arterial crônica), ao passo que as dosagens de BNP não se mostraram associadas à pressão arterial no grupo com hipertensão arterial prévia à gestação (p=0,004 para pré-eclâmpsia e p=0,18 para pré-eclampsia sobreposta à hipertensão arterial crônica). CONCLUSÃO: o agravamento da hipertensão na pré-eclâmpsia correlacionou-se com as concentrações séricas do ANP e BNP, embora os valores do BNP possam ser influenciados pela existência de estado hipertensivo prévio.
PURPOSE: to determine the existence of association between blood pressure rise and plasma ANP and BNP levels in pregnancies complicated by preeclampsia, considering the existence of a hypertensive state before pregnancy and supportive drug influence on these hormones. METHODS: in a case-control transversal study, 86 pregnant women were assessed regarding arterial pressure level and plasma ANP and BNP levels. Clinical and laboratory tests were carried out to diagnose preeclampsia and the use of hypotensive drugs and magnesium sulfate was considered. Hormone determinations were obtained through radioimmunoassay, after extraction in C18 Sep-pak columns. Correlation was investigated by means and regression analysis in the whole group of pregnant women and in specific groups, considering prior hypertension. RESULTS: plasma ANP values were 41.5±7.3, 78.4±13.1 and 89.2±13.4pg/mL (p<0.00001) and plasma BNP values were 79.5±15.8, 176.7±42.2 and 208.3±63.5 pg/mL (p=0.005), respectively, for mean blood pressure =107 mmHg, 107-139 mmHg and =140 mmHg. It was verified that the positive correlation between plasma ANP concentrations and pressure levels in preeclampsia did not depend on the existence of a hypertensive state before pregnancy (p<0.0001: preeclampsia and p<0.01: preeclampsia superimposed on chronic hypertension), whereas BNP dosages were not associated with the arterial pressure in the group with arterial hypertension prior to pregnancy (p=0.004: preeclampsia and p=0.18: preeclampsia superimposed on chronic hypertension). CONCLUSION: aggravation of hypertension in preeclampsia correlates with serum ANP and BNP concentrations, although BNP values may be influenced by the existence of a prior hypertensive state.