RESUMO Racional: A devolução da funcionalidade contrátil da parede abdominal é uma das metas no reparo das hérnias abdominais. Contudo, o entendimento do core deve necessariamente fazer parte na escolha do método de avaliação desse desfecho. Objetivo: Avaliar o papel dos músculos da parede anterolateral na função da parede abdominal com base na correlação entre o sinal de ativação muscular obtido na eletromiografia de superfície e torque produzido durante testes de força validados. Métodos: A ativação dos músculos reto abdominal, oblíquo externo, e oblíquo interno e transverso foi avaliada por eletromiografia de superfície durante dois testes validados. Etapa: 1-A, contração isométrica em decúbito dorsal; 1-B, contração isométrica em decúbito lateral; 2-A, teste isocinético no Biodex; e 2-B, teste isométrico no Biodex. Resultados: Foram avaliados 20 voluntários saudáveis. O coeficiente de correlação linear entre os dados de valor quadrático médio/Pico obtidos análise do sinal da eletromiografia de superfície para cada músculo e o Pico de torque foram sempre <0,2 e estatisticamente insignificantes (p<0.05). A relação agonista/antagonista demonstrou correlação positiva, significativa e de fraca a moderada no músculo externo oblíquo (Pico, p=0,027; valor quadrático médio, 0,564). Os resultados eletromiografia de superfície estiveram positivamente correlacionados nos diferentes protocolos de contração abdominal e também com um questionário de atividade física diária. Conclusões: Não houve correlação entre o exame de eletromiografia de superfície e o torque mensurado por um instrumento validado, exceto em uma variável que não representa diretamente a geração de torque.
ABSTRACT Background: Restoring the contractile function to the abdominal wall is a major goal in hernia repair. However, the core understanding is required when choosing the method for outcome assessment. Aim: To assess the role of the anterolateral abdominal muscles on abdominal wall function in patients undergoing hernia repair by analysis of correlation between the surface electromyography activation signal of these muscles and torque produced during validated strength tests. Methods: Activation of the rectus abdominis, external oblique, and internal oblique/transverse abdominis muscles was evaluated by surface electromyography during two validated tests: Step: 1-A, isometric contraction in dorsal decubitus; 1-B, isometric contraction in lateral decubitus; 2-A, isokinetic Biodex testing; and 2-B, isometric Biodex testing. Results: Twenty healthy volunteers were evaluated. The linear correlation coefficient between root mean square/peak data obtained from surface electromyography signal analysis for each muscle and the peak torque variable was always <0.2 and statistically non-significant (p<0.05). The agonist/antagonist ratio showed a positive, significant, weak-to-moderate correlation in the external oblique (Peak, p=0.027; root mean square, 0.564). Surface electromyography results correlated positively among different abdominal contraction protocols, as well as with a daily physical activity questionnaire. Conclusions: There was no correlation between surface electromyography examination of the anterolateral abdominal wall muscles and torque measured by a validated instrument, except in a variable that does not directly represent torque generation.