Resumo A política econômica segregadora e a inexistência ou ineficiência de políticas habitacionais são aspectos que aprofundam as desigualdades sociais entre os diferentes segmentos de renda. O Uruguai, por meio da chamada “Ley de Vivienda”, buscou solucionar a debilidade habitacional positivando o direito à moradia e regulamentando a inserção de cooperativas ao acesso às políticas públicas. A lei, ainda em vigor, possibilita que o bem imóvel seja tratado como direito, não apenas como propriedade, e permite que as cooperativas atuem no processo de planejamento, execução e administração dos projetos habitacionais, princípio compreendido como autogestão. No Brasil, os primeiros programas que atendiam à demanda habitacional eram fragmentários, atendendo a uma pequena parcela dos demandantes. Com o surgimento do Banco Nacional da Habitação (BNH) ampliou-se o acesso ao crédito para obtenção de moradia. As cooperativas habitacionais estavam incluídas nesse programa, compreendendo o atendimento do mercado de renda média. Com o fim do BNH e a insatisfação decorrente da crise econômica, surgiram movimentos sociais em torno da questão da moradia urbana, buscando articulações práticas e políticas para transformar a moradia em direito. No fim da década de 1980, o intercâmbio de experiências com o Uruguai iniciou a abordagem do ingresso das cooperativas na habitação de interesse social; um aspecto, até então, não experimentado no Brasil. Utilizando o método histórico-descritivo, este estudo resulta de análise dos ordenamentos normativos e de produções acadêmicas sobre o tema. Busca-se compreender a participação das cooperativas na habitação popular e suas dificuldades de acesso às políticas públicas habitacionais.
Abstract The segregating economic policy and the inexistence or inefficiency of housing policies are aspects that deepen the social inequalities between the population in different income segments. Uruguay, through the so-called “Ley de Vivienda” (Housing Law), sought to solve the housing debasement by promoting the right to housing and regulating the insertion of cooperatives in access to public policies. The law allows property to be treated as a right, not just as property, and allows cooperatives to act in the planning, execution and administration of housing projects, a principle understood as self-management. In Brazil, the first programs that met the housing demand were fragmented, serving a small portion of the applicants. With the advent of the National Housing Bank (BNH), access to credit for housing was increased. Housing cooperatives were included in this program, including the provision of the middle income market. With the end of the BNH and the dissatisfaction due to the economic crisis, social movements emerged around the issue of urban housing, seeking practical and political articulations to transform the right to housing into law. At the end of the 1980s, the exchange of experiences with Uruguay began to approach the entry of cooperatives into housing of social interest; an aspect previously untested in Brazil. Using the historical-descriptive method, this study results from an analysis of normative and academic production on the subject. It seeks to understand the participation of cooperatives in popular housing and their difficulties in accessing public housing policies.
Resumen La política económica segregadora y la inexistencia o ineficiencia de políticas habitacionales son aspectos que profundizan las desigualdades sociales entre los diferentes segmentos de renta. Uruguay, por medio de la llamada Ley de Vivienda, buscó solucionar la debilidad habitacional, positivando el derecho a la vivienda y regulando la inserción de cooperativas al acceso a las políticas públicas. La ley, aún en vigor, posibilita que el bien inmueble sea tratado como derecho, no solo como propiedad, y permite que las cooperativas actúen en el proceso de planificación, ejecución y administración de los proyectos habitacionales, principio comprendido como autogestión. En Brasil, los primeros programas que atendían a la demanda habitacional eran fragmentarios, atendiendo a una pequeña parte de los demandantes. Con el surgimiento del Banco Nacional da Habitação (BNH) se amplió el acceso al crédito para la obtención de vivienda. Las cooperativas habitacionales estaban incluidas en ese programa, comprendiendo la atención del mercado de renta media. Con el fin del BNH y la insatisfacción resultante de la crisis económica, surgieron movimientos sociales en torno a la cuestión de la vivienda urbana, buscando articulaciones prácticas y políticas para transformar la vivienda en derecho. A finales de la década de 1980, el intercambio de experiencias con Uruguay inició el abordaje del ingreso de las cooperativas en la vivienda de interés social; un aspecto, hasta entonces, no experimentado en Brasil. Utilizando el método histórico-descriptivo, este estudio resulta del análisis de los ordenamientos normativos y de producciones académicas sobre el tema. Se busca comprender la participación de las cooperativas en la vivienda popular y sus dificultades de acceso a las políticas públicas habitacionales.