O desenvolvimento infantil está atrelado a fatores ambientais, sociais e culturais com os quais as crianças se relacionam em sua vivência diária. A criança inicia sua relação com o ambiente por meio da exploração do corpo, interagindo com o ambiente, modificando-se e adaptando-se a este de acordo com suas necessidades, o que favorece o desenvolvimento de sua identidade social. Este trabalho teve como foco principal compreender o ambiente físico e social vivido pela criança num lugar de degradação ambiental e restrição espacial para suas atividades sociais. A abordagem utilizada foi a pesquisa qualitativa, com técnica de análise de conteúdo. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 20 mães e responsáveis por crianças de seis a dez anos de idade, e também um grupo operativo com estas. Os resultados desse estudo indicaram que, num ambiente com restrição espacial e vulnerabilidade socioambiental, as crianças crescem vivenciando riscos constantes, sejam eles psicossociais ou físicos. Por outro lado, essas crianças desenvolvem habilidades de negociação coletiva e plasticidade de uso social do espaço de forma significante. Compreende-se, portanto, que apesar de todo o contexto denso e de vulnerabilidade socioambiental vivenciado no cotidiano da localidade pelas crianças, estas incorporam cognitivamente e afetivamente experiências que lhes permitem aprender a lidar com as adversidades encontradas no dia a dia.
Child growth is linked to environmental, social and cultural factors to which children relate in their daily experience. Children begin their relationship with the environment through the exploration of their body, interacting with the environment, changing and adapting themselves to it according to their needs, and this favors the development of their social identity. This work focused on understanding the social and physical environment experienced by children in a place of environmental degradation and restriction of space for their social activities. The approach that was used was qualitative research with the content analysis technique. Semi-structured interviews were performed with 20 mothers and guardians of children aged 6-10 years, and an operative group was also held with them. The results of this study indicated that, in an environment with restricted space and social vulnerability, children grow up experiencing constant physical or psychosocial risks. On the other hand, these children develop collective negotiation skills and a plasticity of social use of space in a significant way. Therefore, we conclude that in spite of the dense context marked by social and environmental vulnerability that is experienced on a daily basis at those places by the children, they incorporate, cognitively and affectionately, experiences that allow them to learn how to deal with the adversities they find everyday.