No Brasil, o controle do vetor Lutzomyia longipalpis é uma das principais estratégias utilizadas para limitar a expansão da leishmaniose visceral americana. Entretanto, poucos são os estudos sobre a infecção natural destes flebotomíneos por espécies de Leishmania. Um estudo sobre a infecção natural de Lu. longipalpis por Leishmania sp. foi realizado no bairro Bela Vista, Teresina, Piauí, um dos principais focos urbanos da leishmaniose visceral americana no Brasil. Entre fevereiro de 2004 e janeiro de 2005 realizaram-se 180 capturas usando-se armadilhas luminosas do tipo CDC. Foram dissecadas e examinadas, em média, dez fêmeas por captura para detecção de formas evolutivas de Leishmania sp., identificando-se 1.832 exemplares de Lu. longipalpis e seis de Lu. whitmani. Vinte (1,1%) espécimes, todas de Lu. longipalpis, estavam infectadas com as formas procíclica e nectomonada de Leishmania sp., localizadas, principalmente, na porção posterior do trato digestivo. O maior percentual de insetos infectados foi encontrado quatro meses após o período de maior precipitação pluviométrica, sugerindo que variáveis climáticas podem contribuir para a predição não apenas da abundância destes dípteros, mas também do seu grau de infecção natural.
In Brazil, control of the vector Lutzomyia longipalpis is one of the main strategies used to limit the expansion of American visceral leishmaniasis. However, studies on the ecology of this sand fly are rare, especially regarding its natural infection with species of Leishmania. A study of the natural infection of Lu. longipalpis by Leishmania sp. was carried out in the Bela Vista neighborhood in the city of Teresina, Piauí State, Brazil, an important area of American visceral leishmaniasis transmission. From February 2004 to January 2005, sand flies were captured with CDC light traps. Approximately 10 female sand flies in each capture were dissected and examined for the presence of evolutionary forms of Leishmania sp. Two sand fly species were identified: 1,832 were Lu. longipalpis and six Lu. whitmani. Twenty female sand flies (1.1%), all Lu. longipalpis, were infected with procyclic and nectomonad forms of Leishmania sp., found mostly in the hindgut. Higher proportions of infected sand flies were found four months after the rainy season, suggesting that environmental factors may predict not only vector abundance (as already known) but also their level of infection.