Estudos epidemiológicos com análise multivariada de fatores prognósticos em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) são fundamentais para avaliar a sobrevida e demonstrar estratégias de diagnóstico e tratamento. OBJETIVO: analisar os fatores de risco para a mortalidade em uma coorte de 509 pacientes com LES. MÉTODOS: os pacientes foram acompanhados em um hospital terciário, por um período de 27 anos (1974-2001), de acordo com um protocolo previamente padronizado. Inicialmente, foi realizada a análise de sobrevida global até o óbito dos 509 pacientes e, posteriormente, foi verificada a diferença entre as probabilidades de sobrevida global para pacientes com início da doença antes dos 16 anos e após os 16 anos. RESULTADOS: a taxa de sobrevida para os 509 pacientes com LES após 1, 5, 10 e 20 anos foram respectivamente de 96%, 88%, 80% e 75%. Os fatores prognósticos para o óbito dos pacientes com LES foram a ausência de artrite ao diagnóstico (p=0,007; OR=0,45; 95%IC= 0,25-0,8), a ausência do uso de antimaláricos (p=0,0001; OR=0,3; 95%IC=0,2-0,5), a presença de hipertensão arterial (p=0,002; OR=2,2; 95%IC=1,1-4,5), a presença de infecções (p=0,003; OR=2,3; 95%IC=1,3-4,1) e a idade ao diagnóstico menor que 16 anos (p=0,004; OR=2,6; 95%IC=1,4-5,0). CONCLUSÕES: este trabalho mostra uma excelente taxa de sobrevida nesta casuística de 509 pacientes com LES, observando-se proporção de pacientes que sobreviveram após 1, 5, 10 e 20 anos de seguimento, respectivamente, de 96%, 88%, 80% e 75%, comparável às maiores séries que tratam de sobrevida.
Epidemiological studies using multivariate analysis of risk factors in Systemic Lupus Erythematosus (SLE) patients are essential to determinate survival and to demonstrate diagnosis and treatment strategies. OBJECTIVE: To analyse the risk factors of mortality in 509 SLE patients who were followed over a 27-year period (from 1974 to 2001) according to a standard protocol in a single centre. The first analysis consisted of the survival time from the date of diagnosis of SLE until the last contact or death. The second analysis consisted of the survival time from the date of diagnosis of SLE until the last contact or death of patients whose disease started before 16 years old compared to patients whose disease started after 16 years old. METHODS: The percentage of survival after 1, 5, 10 and 20 years were 96%, 88%, 80% and 75%. The risk factors for death in SLE patients were the absence of arthritis at diagnosis (p = 0.007; OR = 0.45; 95% IC = 0.25-0.8), the absence of chloroquine sulphate prescription (p = 0.0001; OR = 0.3; 95% CI = 0.2-0.5), the presence of hypertension (p = 0.002; OR = 2.2; 95% CI = 1.1-4.5), the presence of infections (p = 0.003; OR = 2.3; 95% CI = 1.3-4.1) and less than 16 years old at diagnosis (p = 0.004; OR = 2.6; 95% CI = 1.4-5.0). CONCLUSIONS: This paper presents an excellent survival in this cohort of 509 SLE patients. The percentage of survival after 1, 5, 10 and 20 years, respectively 96%, 88%, 80% and 75%, was similar to other studies.