RACIONAL: As doenças hepáticas crônicas na infância freqüentemente levam à desnutrição e ao déficit de crescimento, sem haver referência de um padrão definido para colestase neonatal OBJETIVO: Avaliar o estado nutricional e o padrão de crescimento em crianças com colestase intra-hepática e colestase extra-hepática MATERIAL E MÉTODOS: Foram revistos os prontuários de 144 pacientes com colestase neonatal atendidos no Serviço de Gastroenterologia Pediátrica do Hospital de Clínicas da UNICAMP, Campinas, SP, durante o período de 1980 a 2003 e de acordo com o diagnóstico anatômico, classificados em dois grupos: grupo 1, pacientes com colestase intra-hepática e grupo 2, com colestase extra-hepática. Os valores de peso e estatura foram obtidos em quatro momentos: 1º) Na primeira consulta realizada até o 4º mês de vida, 2º) entre o 5º e o 7º mês, 3º) entre o 8º e o 10º mês e 4º) entre o 11º e 13º mês. Para cada paciente foi realizado o cálculo do Z-escore em relação ao peso para a idade e estatura para a idade nos momentos 1 a 4. Para o paciente ser incluído no estudo, era necessário ter as medidas de peso e/ou estatura nos quatro estágios. A estatística empregada foi a análise de variância e o teste de Tukey. Para análise de variância com medidas repetidas quanto ao escore-Z de peso para a idade, a amostra utilizada foi de 60 pacientes, sendo 29 do grupo 1 e 31 do grupo 2. Para estatura, a amostra utilizada foi de 33 pacientes, sendo 15 do grupo 1 e 18 do grupo 2. RESULTADOS: As médias dos escores-Z de peso para a idade nos quatro momentos da avaliação para os pacientes do grupo 1 foram: T1 =-1.54; T2 = -1.40; T3 = -0,94; T4 = -0.78, havendo diferença significante entre T2×T3 e entre T1×T4. Para os pacientes do grupo 2 foram: T1 = -1.04; T2 = -1.67; T3 =-1.93 e T4 = -1.77, havendo diferença significante entre T1×T2 e T1×T4. Houve também diferença significante entre as médias dos escores-Z de peso para a idade entre o grupo 1 e o grupo 2 no T3 e no T4. As médias dos escores-Z de estatura para idade nos quatro momentos da avaliação para os pacientes do grupo 1 foram: T1 = -1.27; T2 = -1.16; T3 = -0.92 e T4 = -0.22, havendo diferença significante entre T3XT4 e T1XT4. Para os pacientes do grupo 2 foram: T1 = -0.93; T2 = -1.89; T3 = -2.26 e T4 = -2.03, havendo diferença significante entre T1×T2 e T1×T4. Houve também diferença significante entre as médias dos escores-Z de estatura para a idade entre o grupo 1 e o grupo 2 no T3 e no T4 CONCLUSÕES: As diferenças de peso e estatura entre os grupos tornaram-se significantes a partir da terceira medida, sendo o déficit mais acentuado no grupo extra-hepático. Nesse grupo, há evidência de que o agravo pôndero-estatural se instala entre o primeiro e o segundo momento de avaliação.
BACKGROUD: Chronic liver diseases in childhood often cause undernutrition and growth failure. To our knowledge, growth parameters in infants with neonatal cholestasis are not available AIM: To evaluate the nutritional status and growth pattern in infants with intrahepatic cholestasis and extrahepatic cholestasis. PATIENTS AND METHODS: One hundred forty-four patients with neonatal cholestasis were followed up at the Pediatric Gastroenterology Service of the Teaching Hospital, State University of Campinas, Campinas, SP, Brazil, in a 23-year period, from 1980 to 2003. The records of these patients were reviewed and patients were classified into two groups, according to their anatomical diagnosis: patients with intrahepatic cholestasis - group 1, and patients with extrahepatic cholestasis - group 2. Records of weight and height measurements were collected at 4 age stages of growth, in the first year of life: 1) from the time of the first medical visit to the age of 4 months (T1); 2) from the 5th to the 7th month (T2); 3) from the 8th to the 10th month (T3); and 4) from the 11th to the 13th month (T4). The weight-by-age and height-by-age Z-scores were calculated for each patient at each stage. In order for the patient to be included in the study it was necessary to have the weight and/or height measurements at the 4 stages. Analyses of variance and Tukey's tests were used for statistical analysis. Repeated measurement analyses of variance of the weight-by-age Z-score were performed in a 60-patient sample, including 29 patients from group 1 and 31 patients from group 2. The height-by-age data of 33 patients were recorded, 15 from group 1 and 18 from group 2 RESULTS: The mean weight-by-age Z-scores of group 1 patients at the 4 age stages were: T1=-1.54; T2=-1.40; T3=-0.94; T4=-0.78. There was a significant difference between T2 X T3 and T1 X T4. The weight-by-age Z-scores for group 2 patients were :T1=-1.04; T2=-1.67; T3=-1.93 and T4=-1.77, with a significant difference between T1 X T2 and T1 X T4. The mean weight-by-age Z-scores also showed a significant difference between group 1 and group 2 at stages T3 and T4. The mean height-by-age Z-scores at the four stages in group 1 were: T1=-1.27; T2=-1.16; T3=-0.92 and T4=-0.22, with a significant difference between T3XT4 and T1XT4. The scores for group 2 patients were: T1=-0.93; T2=-1.89; T3=-2.26 and T4=-2.03, with a significant difference between T1XT2 and T1XT4. The mean height-by-age Z-scores also showed a significant difference between group 1 and group 2 at T3 and T4 CONCLUSION: The weight and height differences between the groups became significant from the 3rd measurement onward, with the most substantial deficit found in the extrahepatic group. In this group, there is evidence that the onset of weight and height deficit occurs between the first and second evaluation stages.